Conclusão dos posts anteriores
…e com a antiga
cozinheira
Dona
Lucilia teve uma cozinheira negra chamada Belmira que, por razões não conhecidas
por mim — eu era menino e acompanhava essas coisas sem prestar atenção —, saiu
de nossa casa e tomou emprego com outra família. Certa ocasião mamãe vinha a pé
da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e, na esquina de casa, encontrou-se com a
Belmira que ia para outro lugar.
Por
interesse pela sua antiga cozinheira, minha mãe parou e conversou um instantinho
com a Belmira. Lembro-me de uma pessoa da família fazer esta censura:
—
Mas como?! Parar na rua para falar com uma empregada, não tem propósito!
Mamãe
respondeu:
—
Não vejo problema algum. Eu faço mesmo, e é assim que deve ser.
Era
a mesma pessoa altamente respeitadora da família imperial!
Senso de justiça
e amor ao próximo
Esse
respeito supõe, antes de tudo, uma atenção séria posta nas pessoas para ver o
que é cada uma, qual sua posição, o que vale e por que vale, dando-lhe o mérito
adequado e aquilo que lhe é próprio. Por caridade, por bondade, conceder às
vezes um pouquinho mais do que pareceria estritamente justo, mas sem perturbar
a boa disposição hierárquica.
De
outro lado, supõe também muita objetividade para não querer colocar-se numa posição
que não tem, nem imaginar ser o que não é. Isso requer um senso de justiça e um
amor ao próximo, tão característicos da Religião Católica. Nela, esse amor ao
próximo se exprimia pelo gosto, pelo prazer com que ela tributava esse
respeito, vendo o que Deus concedeu a cada um e alegre de que tenha sido dado.
Eu
definiria isso como uma mentalidade anti-igualitária de ponta a ponta. Uma
civilização onde todos tivessem essa mentalidade seria uma civilização de muita
harmonia, de muito acordo, de muito respeito e de muito afeto.
Plinio
Corrêa de Oliveira – extraído de conferência de 12/4/1988
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