quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Lição de misericórdia

Conclusão dos posts anteriores
Afinal, meu avô chegou à residência do indivíduo, bateu na porta, entrou e encontrou esta cena: o quarto em que esse homem estava não tinha nenhum móvel, mas apenas uma cama com um colchão encostado na parede, de maneira que esta servia de cabeceira para apoiar o travesseiro.
Ele disse, arfando: “Dr. Ribeiro, muito obrigado.”
— Mas o que o senhor tem?
— Estou tuberculoso em alto grau, e às portas da morte.
Meu avô, sentado na cama dele e sujeito a contágio, tomou nota do que ele sentia para explicar ao médico, e tentaria que este fosse àquela hora da noite à casa dele; depois iria comprar os remédios numa farmácia.
Após algum tempo, meu avô retornou à casa do homem, deu-lhe todos os remédios, e mandou reservar uma passagem especial para o enfermo e sua senhora, num trem que devia ir no dia seguinte para a cidade do interior do Estado, onde ele queria morrer. Os dois embarcaram, tendo o meu avô pago tudo.
Era uma lição de misericórdia que mamãe dava, lição esta acompanhada da ideia de que quem não tem misericórdia não receberá misericórdia. E que a clemência de Deus e de Nossa Senhora, no Juízo, é reservada especialmente para os clementes.
Naturalmente, um menino, como era eu, se impressionava muito com esse fato narrado por Dona Lucilia, e as ideias sobre o Céu, o Inferno, o Juízo, a Morte, se radicavam muito no meu espírito. 

Lucilia Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 11/10/1993

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