sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Atingido por grave doença, pede auxílio em altas horas da noite



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Anos depois — eles não se viram mais —, já em São Paulo, tarde da noite, garoando, para um carro, ainda era o tempo dos carros puxados a cavalo, na porta da casa de meu avô e o cocheiro entrega um bilhete. Era daquele homem.
“Dr. Ribeiro, eu me encontro reduzido ao extremo, condenado a morrer porque estou passando muito mal, com tal doença; além do mais não tenho dinheiro para me tratar, e então quero saber se o senhor poderia vir aqui em casa, arranjar um médico para mim e me dar de presente o dinheiro necessário para eu comprar os remédios. E mais ainda, passar de carro por uma farmácia, mandar que seja aberta e conseguir os remédios. Porque se não for isso eu morro.”
Uma pessoa de minha família, que estava em casa do meu avô quando chegou esse bilhete, disse-lhe:
— Totó — meu avô chamava-se Antônio, mas no trato de casa comum era Totó — não atenda, faça esse homem agora sofrer tudo que ele quis que você padecesse. Chegou a hora de você se regozijar, a hora da justiça de Deus.
— Não, esse homem bateu à minha porta, e vou ter misericórdia para com ele; eu quero que Deus tenha misericórdia comigo quando chegar a minha vez.
— Mas você está doente, e ainda com essa garoa aí fora!
— Não tem conversa, eu vou. Cobriu-se com agasalhos, etc., e lá foi meu avô para a casa do homem, que ficava num bairro afastado.
Continua

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