Continuação dos posts anteriores
Anos depois — eles
não se viram mais —, já em São Paulo, tarde da noite, garoando, para um carro,
ainda era o tempo dos carros puxados a cavalo, na porta da casa de meu avô e o
cocheiro entrega um bilhete. Era daquele homem.
“Dr. Ribeiro, eu me
encontro reduzido ao extremo, condenado a morrer porque estou passando muito
mal, com tal doença; além do mais não tenho dinheiro para me tratar, e então
quero saber se o senhor poderia vir aqui em casa, arranjar um médico para mim e
me dar de presente o dinheiro necessário para eu comprar os remédios. E mais
ainda, passar de carro por uma farmácia, mandar que seja aberta e conseguir os
remédios. Porque se não for isso eu morro.”
Uma pessoa de minha
família, que estava em casa do meu avô quando chegou esse bilhete, disse-lhe:
— Totó — meu avô
chamava-se Antônio, mas no trato de casa comum era Totó — não atenda, faça esse
homem agora sofrer tudo que ele quis que você padecesse. Chegou a hora de você
se regozijar, a hora da justiça de Deus.
— Não, esse homem
bateu à minha porta, e vou ter misericórdia para com ele; eu quero que Deus
tenha misericórdia comigo quando chegar a minha vez.
— Mas você está
doente, e ainda com essa garoa aí fora!
— Não tem conversa,
eu vou. Cobriu-se com agasalhos, etc., e lá foi meu avô para a casa do homem,
que ficava num bairro afastado.
Continua
Nenhum comentário:
Postar um comentário