Conclusão dos posts anteriores
Discernimento dos espíritos
Mamãe teve muitas
decepções. E esperou até o fim da vida dela, mas sempre com paz, porque estava
presente essa noção religiosa por detrás.
O que havia de
característico no afeto de Dona Lucilia era algo de nativo, de
superacrescentado pela graça e modelado pela vida. No trato com as pessoas, ela
manifestava uma compreensão muito profunda daquele com quem ela tratava. Era um
discernimento dos espíritos pelo qual ela compreendia perfeitamente o lado por
onde a pessoa seria boa, e amava muito.
Depois, de outro
lado, ela compreendia muito o por onde a pessoa sofria. Ainda que não parecesse
uma pessoa sofredora, esse conhecimento do sofrimento dos outros era muito
profundo nela, com um reservatório indefinido de disposições de alma aplicadas
a cada sofrimento. E já de antemão acompanhado do perdão eventualmente
necessário e ao longo de um caminho por onde não se sabe até onde ia.
Por detrás disso
havia qualquer coisa de aveludado na alma dela; uma bondade e uma doçura
aveludadas. Ao menos era minha impressão.
Então, uma pergunta
qualquer: “Você quer água, meu filho?” Conforme a ocasião em que fosse dita,
poderia trazer isso. E o timbre, a inflexão de voz, a impostação do olhar, a
maneira do trato, etc., tinha isso às grosas. Acompanhado de uma coisa curiosa
que é o seguinte: um respeito por todo mundo. Qualquer um que retamente
quisesse olhá-la e analisá-la, se sentiria respeitado. Eu nunca a vi faltar com
o respeito à criatura mais insignificante como à mais extraordinária.
Era, também, por sua
vez, um respeito afetuoso, um respeito aveludado, que implicava num
contentamento em que o outro tivesse tal coisa para se respeitar. A alegria de
respeitar, de homenagear, ou de ter compaixão porque o outro não tinha nada,
não era nada, tudo isso tinha uma espécie de “veludo” especial na alma dela que
eu não encontro outra expressão para designar, e que a tornava imensamente
atraente para mim.
Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de
conferência de 30/4/1987
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