quarta-feira, 4 de março de 2015

Preparando o filho para vida

Formada nos antigos critérios de respeito, educação e seriedade, em Dona Lucilia todas as atitudes nunca careciam de profundo significado. Por isso, irreflexão ou espontaneidade eram contrárias a seu modo de ser. Assim, baseada em elevadas razões, Dona Lucilia narrava a seus filhos a admiração e gratidão que nutria por seu pai, Dr. Antonio Ribeiro dos Santos...
Dona Lucilia possuía grande  coerência;  os  seus  gestos,  a  sua  fisionomia,  as  inflexões de sua voz e tudo quanto ela dizia exprimiam seu pensamento. Dessa forma ela exercia um ensino permanente, fazendo-nos ver as coisas  como devem ser, o que verdadeiramente é a vida. E mostrava como cada pessoa precisa estar habituada à  dor, porque o sofrimento faz parte  da normalidade da existência.
Nosso Senhor Jesus Cristo padeceu, morreu na Cruz por amor a nós  e quis por esta forma nos resgatar.  Assim, Ele implantou a Cruz no centro de nossa vida; e a Cruz é o símbolo da dor.
Toda pessoa séria leva uma vida  dolorida, com dificuldades, sofre ingratidões, pressões, vinganças injustas, invejas etc. E quem conhece a vida fica sabendo continuamente que  está sujeito a tais sofrimentos.
Razão da admiração pelo pai
A enorme admiração que mamãe  possuía por seu pai devia-se ao fato  de ele ter sido um homem disposto  a sofrer.
Meu avô era um excelente advogado.  Trabalhava  com  afinco,  frequentemente até as quatro horas  da  manhã,  para  que  logo  no  início do dia seguinte seus empregados  entregassem  nos  tribunais  o trabalho feito por ele durante a  noite. 
Ele  era  muito  bom  chefe  de  família. Poder ter uma conversa com  os seus durante o jantar ou o almoço, era para ele a única recompensa da vida; recompensa que julgava ser  muito boa.
Papel da dor e do trabalho na vida do homem
Dona  Lucilia  gostava  de  contar  um episódio a fim de ensinar o papel da dor e do trabalho na vida do  homem.
A família de minha mãe tinha alguns conhecidos muito ricos que levavam  uma  vida  de  diversão;  não  trabalhavam  e  nem  velavam  pelos  seus bens, os quais foram sendo consumidos, e eles sempre se divertindo.
Certa  noite,  eles  vinham  andando pela rua onde morava o meu avô;  já era quase madrugada, e viram que  o escritório ainda estava com a luz  acesa.  Meu  avô  chamava-se  Antônio, e muitas vezes era intimamente  tratado  de  Totó.  Disseram  eles  então:  “Nós  estamos  aqui  nos  divertindo e o bobo do Totó está trabalhando até esta hora. Ele acumula dinheiro, é verdade, porém não o aproveita. Nós  aproveitamos  nossa  fortuna gozando a vida!” Quando o meu avô morreu, ele  estava  bem  de  fortuna,  enquanto os  tais  amigos  haviam  empobrecido  enormemente.  
E  minha  mãe  dizia-me:  “Seu  avô  trabalhou  a vida inteira, teve uma  vida de dor e até sofreu  pelos seus inimigos. Mas  quando  ele  morreu,  sua  família estava na tranquilidade,  toda  organizada,  e com um futuro risonho  para os seus.”

Ele  morreu  um  pouco mais cedo do que o comum dos homens. Mas a quem sofre e trabalha o necessário, Deus muitas  vezes dá nesta vida épocas de bênção, de distensão, como recompensa.
Continua

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