Minha
mãe era de uma bondade que eu não saberia explicar. Inclusive na hora de
perdoar, ela manifestava sempre uma indulgência, uma suavidade, nunca uma
reclamação porque algo a tivesse atingido. Em suas repreensões não entrava a
reivindicação de um direito próprio, mas a defesa de um princípio do qual seu
espírito estava imbuído. E embora não soubesse explicitar os princípios, ela os
possuía.
Por
isso, suas repreensões não resultavam de uma irritação pessoal, mas de um
princípio ofendido — inclusive o princípio da autoridade materna — mas sempre
com tanta bondade, tanta paciência tanto perdão no que dizia respeito a si, que
mesmo que se fizesse o pior contra ela, ela o suportava sem dizer palavra.
Por
outro lado, que severidade em suas repreensões! Que seriedade no olhar! Que
compenetração de que se tratava de fazer prevalecer um princípio! Que convicção
de que se não conformasse minha vida com aqueles princípios, eu valeria muito menos
para ela, porque em mim ela via mais o filho que deveria amar os princípios do
que alguém que lhe deveria querer bem!
Ademais,
quanta sabedoria no que dizia! Embora a voz fosse grave, a bondade nunca estava
ausente. Sua intransigência para comigo estava sempre mesclada com a bondade.
Certa
vez, no apogeu de minha vida escolar — eu nunca fui o primeiro de minha aula —
voltei do Colégio São Luiz, após a festa da distribuição de prêmios, com quatro
medalhas no peito. Naquele tempos ingênuos, os meninos vinham pela rua
ostentando as suas medalhas, e assim vinha eu com minha roupa à marinheira.
Quando mamãe me abriu a porta, afagou-me muito; foi uma alegria!
No
ano seguinte, eu voltei com três medalhas. Abrindo a porta, ela me viu e disse:
“Só três?” — E acrescentou intransigente: “Como é que você decaiu, o que
aconteceu para você decair?” Mas tudo isso misturado com tanto afeto, tanta
bondade e tanto carinho, que para mim foi uma preparação para compreender o que
era a misericórdia de Nossa Senhora. Outro tanto poderiam os senhores dizer de
suas mães.
Plinio Corrêa de Oliveira
La Sra: Doña Lucilia fue una gran madre con su hijo. Gracias por mandar esta historia tan bella.
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