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Mamãe também
contava, de vez em quando, casos a respeito do Inferno. Não tanto tirados de
livros de piedade, que no tempo dela no Brasil não eram muito difundidos, mas
de fatos que se narravam nas rodas familiares dela e das famílias amigas.
Por exemplo, o caso
de uma fazendeira muito rica, cujo marido tinha oito fazendas, mais ou menos
próximas uma das outras; o que formava um latifúndio colossal.
Esse homem,
naturalmente para fiscalizar essas propriedades, tinha que ir de uma fazenda
para outra com alguma frequência. E nessas viagens ele muitas vezes dormia —
essas fazendas tinham casas — ora numa casa, ora numa outra e depois voltava
para a residência dele.
Quando havia essas
viagens, essa senhora, cujas filhas já estavam casadas, pedia para uma sobrinha
solteira fazer-lhe companhia, principalmente durante a noite. O que era uma
coisa compreensível na solidão do sertão daquele tempo, sem policiamento.
E certa noite ela
acordou a sobrinha e lhe disse: “Minha filha, você está vendo?”
A sobrinha olhou e
percebeu que de uma lamparina que estava lá, uma chama se desprendeu, deu a
volta por todo o quarto e se apagou. E elas ficaram muito impressionadas com
aquilo.
Qual não foi a
sensação que elas tiveram quando, de manhã bem cedinho, veio um empregado de
uma das fazendas dele, a cavalo, a toda a pressa, contar que o fazendeiro fora encontrado
morto no cafezal! Ela contava isso com uma seriedade que fazia com que a pessoa
sentisse a realidade e a gravidade da Morte, do Juízo e do risco de se cair no
Inferno.
Mas Dona Lucilia
também gostava muito de narrar fatos relacionados com o Céu, sobre almas que
estavam glorificadas no Paraíso porque tinham sido muito boas na Terra.
Continua
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