Continuação dos posts anteriores
Quando ela morreu,
eu já era um homem ultrafeito, tinha quase 60 anos e ela, 92. Em tão longo
convívio, não me lembro de uma só viagem realizada por mim na qual, ao chegar,
não tenha ido comungar em alguma igreja e, em seguida, dirigir-me diretamente
para casa, a fim de vê-la. Ainda que fosse uma viagem pequena, dessas que não
cansam e nas quais, chegando, vai-se diretamente tratar de negócios, antes mesmo
de ir para casa.
Não me lembro de um
só caso em que isso aconteceu, porque para mim, estar de volta a São Paulo era
estar com mamãe, encontrar-me com ela, ver como ela estava, e — por que não? —
ser visto por ela. Eu gostava de me sentir visto por ela, e de observar o olhar
dela me querendo bem. Era um dos fatores de alegria de minha vida. Ainda hoje
continua em mim essa lembrança luminosa que, se Deus quiser, me acompanhará até
o fim. Aquilo fazia parte da inocência dela.
Devemos desejar
encontrar muita gente assim em nossa vida, e, quando encontrarmos, saber
reconhecê-las. Em geral, prestamos atenção nas pessoas pelas razões mais fúteis
— porque riem ou fazem rir, são inteligentes, mil banalidades —, e não pelo
verdadeiro valor que elas têm.
Continua
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