Continuação dos posts anteriores.
Fidelidade aos princípios até as últimas consequências
Mas os homens, na
sua relação com Deus, precisam saber que Ele é assim. E que o Sagrado Coração
de Jesus, na Humanidade santíssima de Nosso Senhor, sendo um reflexo do que é
na Divindade, é a atitude de Deus diante dos pecados dos homens.
Daí frases que se
pintavam, gravavam ou esculpiam junto a essas imagens, e que exprimiam isso.
Por exemplo: “Filho, dá-me teu coração”; e Nosso Senhor com a mão indicando o
Coração d’Ele. Era uma proposta de troca de corações, mas como quem diz: “Filho,
tu não me deste teu coração. Eu sou Senhor do teu coração. Dá-me teu coração!”
Isso de um lado.
De outro lado, uma
frase que está pintada no teto da Igreja do Coração de Jesus1. Nosso Senhor
Jesus Cristo, aparecendo a Santa Margarida Maria Alacoque, num convento da
França, mostrando o Coração d’Ele e dizendo esta frase, que está na narração
das visões que ela teve: “Minha filha, eis aqui o Coração que tanto amou os
homens, e por eles foi tão pouco amado!”
Vê-se aí aquele
equilíbrio absoluto, de um amor que chega a imolar-se na Cruz — não é preciso
dizer mais nada — para salvar os homens, mas que toma inteiramente nota das
ingratidões de que esse amor é objeto e se entristece com elas. Não é o Coração
de Jesus enquanto cheio de espírito de justiça — por exemplo, maldizendo
Corazim e Betsaida2 —, nem o Cristo gladífero de que fala o Apocalipse3; é o
Cristo cheio de misericórdia, mas uma misericórdia cuja imensidade se calcula
pela medida que Ele toma dos pecados dos homens.
É bem evidente que
isto é o todo d’Ele. Não é apenas uma atitude afetiva, e todas as boas imagens
do Coração de Jesus, no porte, no gesto, no modo de se apresentar, fazem ver
Nosso Senhor Jesus Cristo numa atitude grave, tranquila, serena, mas numa
decisão irrevogável: o que Ele decidiu, decidiu; e o que é, é; o que não é, não
é. É assim que Ele deve ser interpretado.
Assim foi que Ele
fez um bem enorme à minha alma. E eu notava que era essa consideração que
concorria muito para modelar a alma de mamãe. E quando ela rezava a Ele,
punha-se inteiramente nesse diapasão, nessa posição.
Cabe aí uma visão de
um todo, porque isso é um todo. Na visão desse todo estava a alma de Dona
Lucilia, quer dizer, ela era toda assim, e contemplava, apreciava, ponderava as
coisas desse modo. Nosso Senhor é o exemplo, e ela era a discípula que seguia
com muita fidelidade o exemplo.
Notava-se no olhar
de mamãe uma resolução de ser fiel aos princípios até o fim, custasse o que
custasse. Isso a tornava, por vezes, isolada, o que se acentuou muito no
período posterior à Primeira Guerra Mundial, quando entrou no Brasil o
americanismo, o espírito difundindo por Hollywood, e São Paulo se tornou muito
cosmopolita.
Continua
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