Certo dia Dª Lucilia contou a Dr.
Plinio um sonho que a deixara um tanto intrigada. Seria talvez mais uma
expressão de seu incomum discernimento das pessoas e das situações atinentes a
seu filho.
Nesse sonho, ela se via no “1º Andar”.
Em determinado momento, alguém tocou a campainha da porta, e como não havia
quem atendesse, foi ela mesma abrir. Para sua surpresa, estava ali seu falecido
pai, Dr. Antônio, que vinha visitá-la.
Exultante de alegria, ela o acompanhou
pelas diversas dependências do apartamento, explicando-lhe a origem dos móveis,
quem havia feito a decoração, e um sem-número de outros detalhes. Dr. Antônio,
com a mesma afeição que sempre devotara à filha, comentava tudo, dando sua
aprovação. Por fim, chegaram ao fundo do corredor, onde estava localizado o
quarto dela. Abriram a porta e, atônitos, depararam com um dos amigos de Dr.
Plinio, deitado de través na cama, numa atitude vulgar e com um sorriso
malévolo estampado no rosto.
Ante essa desagradável cena, Dr.
Antônio censurou paternalmente a filha, dizendo:
— Em sua casa está tudo muito bem. Mas
que você admita aqui tipinhos destes, eu não posso aprovar.
Nesse instante ela acordou. Ora, a
mencionada pessoa daria grandes dissabores a Dr. Plinio, muitos anos após a
morte de Dª Lucilia, o que na época em que se deu o sonho narrado ninguém
poderia sequer suspeitar.
Esse discernimento que Dª Lucilia tinha
do mal — animado em boa medida por seu grande afeto materno, mas sobretudo por
sua retidão de alma — dificilmente era desmentido pela realidade, e nunca a
abandonou até o fim de sua vida.
(Transcrito, com adaptações, da obra “Dona
Lucilia”, de Mons. João Clá Dias)
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