sábado, 8 de outubro de 2016

Bondade, doçura e respeito aveludados

Por um particular discernimento dos espíritos, Dona Lucilia compreendia o lado por onde as pessoas seriam boas e o sofrimento de cada uma, e as ajudava com muito afeto, acompanhado de uma disponibilidade prévia de perdoar. Acompanhemos os comentários de seu filho, Plinio Corrêa de Oliveira.
No centro e no ápice da afetividade de mamãe, da bondade e de todo seu modo de ser, havia a devoção dela ao Sagrado Coração de Jesus e, naturalmente, a Nossa Senhora também. Muitas e muitas vezes me impressionou vê-la rezar diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus que havia em seu oratório, e considerar a relação existente entre ela e aquela imagem.
Transparência do divino no humano
Notava-se que a alma de Dona Lucilia era ansiosa de encontrar aquele termo do afeto dela. Quer dizer, mamãe era configurada de tal maneira pela graça e por algo da natureza, que se ela não conhecesse o Sagrado Coração de Jesus, ela O procuraria. E encontrando-O, ela O identificaria como sendo aquilo que procurou. E aquilo tomaria a alma dela inteiramente, como tendo sido criada para isso. Suposto, é claro, que ela fosse sempre fiel.
Assim, ela era, sob vários aspectos, o espelho do Sagrado Coração de Jesus para mim. E encontrava nela o que eu adorava n’Ele, o que estava na Igreja do Sagrado Coração de Jesus e que eu via estar na Igreja Católica.
Muito cedo, graças a Nossa Senhora, meus olhos se abriram para a Santa Igreja, e com grande entusiasmo. Portanto, o elemento determinante foi a minha fé na Igreja Católica. O amor de filho tinha entrado muito, e continuou sempre, mas o determinante foi isto: a Igreja é infalível, santa, verdadeira e ensina que isso deve ser assim. Logo, a respeito de tudo quanto me leva a crer que isso é assim, tenho aquela certeza necessária pelo fato de ver na Igreja Católica.
Nessa adoração a Nosso Senhor e nessa veneração a Nossa Senhora, o objeto de nossa sensibilidade, de nossa afetividade fica elevado a alguma coisa que não está fora do âmbito humano. Ele é o Homem-Deus e, na unidade de Pessoa d’Ele, possuía duas naturezas: a humana e a divina. E nós conhecemos a natureza divina, em larga medida, através da humana. De maneira que não estava desterrado do humano, como, por exemplo, se estou olhando para o Sol através de um vitral, não me encontro desterrado de dentro da catedral. Eu estou vendo o Sol através do vitral.

Essa transparência do divino no humano eleva e desperta na afetividade humana possibilidades e modalidades que ela não teria se não fosse isso.
Continua.

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