sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bondade, doçura e respeito aveludados II

Continuação do post anterior
Lumen sobrenatural
De maneira que ao amar seres de uma tão alta categoria, algo de muito elevado se desperta em nós e passa a viver em nossas almas. Começamos a pedir coisas que antigamente não pedíamos antes de darmos esse passo. E, portanto, a procurar também nos outros, no convívio comum, algo do que vimos n’Ele, n’Ela e na Igreja Católica.
Surge aí uma coisa sobre a qual fico incerto, indeciso, mas que mais ou menos pode apresentar-se do seguinte modo: quem viu Nosso Senhor e Nossa Senhora assim, de algum modo ganhou um discernimento dos espíritos, ao menos para certo efeito. Porque não é possível considerar o Redentor sem ser pelo sobrenatural. Transparecendo através da natureza humana, é verdade, mas é o sobrenatural que aparece. E em Maria Santíssima, analogamente, a mesma coisa.
O resultado é que, na Terra, esse certo discernimento dos espíritos — ora discreto, ora saliente, conforme os desígnios da Providência, mas sempre intenso — leva certamente ao desejo de que outros com quem convivamos participem desse modo de amar a Nosso Senhor e a Nossa Senhora, para efeito de podermos ter uma sociedade. Porque não se tem uma sociedade verdadeira a não ser assim. Uma vez que se conheceu esse padrão, temos o desejo de encontrá-lo nos outros e nos pomos inconscientemente à procura; e essa procura, ao cabo de algum tempo, passa a ser consciente.
Entra, então, uma distinção entre afeto e afeto, que é uma bifurcação: de um lado, procurar nos outros o que me distrai, me diverte, ou então os outros me transformarem num padrão para eles, mas não enquanto ligado ao Padrão dos padrões, e sim enquanto um homem em quem acharam graça e de quem gostaram. Isso não torna essas pessoas apetecíveis a mim, pois conheci outro valor muito maior, não tem comparação!
Outro afeto é aquele que nasce quando percebemos — mais em uns, menos em outros — o que seriam se também eles se deixassem tocar pelo mesmo amor. Então começamos a querê-los bem não pelo que são, mas pelo que poderiam ser.

De maneira que, por amor a eles, mas principalmente por amor a esse lumen sobrenatural que se acende neles, suportamos qualquer coisa, com paciência. E os amamos com um amor, o qual é uma participação do amor que se tem ao foco desse lumen, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, e ao canal necessário desse lumen por vontade de Deus, Nossa Senhora. 
Continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário