Conclusão dos posts anteriores
Intimidade e respeito indizíveis
Quem lê as cartas que
escrevi a mamãe, nota como eu a tratava com muita intimidade, mas aquela
intimidade vinha com um respeito colossal. Eu a admirava a mais não poder e, de
outro lado, a venerava, na consideração da superioridade dela sobre mim.
Superioridade como mãe, é natural, mas, sobretudo, pelas qualidades morais,
virtudes que simplesmente me encantavam, e me punham numa atitude de veneração.
Essa veneração não
introduzia nenhum obstáculo ao respeito, que continuava íntegro. Venerava-a,
tinha por ela um afeto enorme. Embora o respeito e o afeto sejam sentimentos
diversos, e às vezes até podem tomar aparência antitética, de fato se
completam. Daí vinha aquele misto de respeito e de afeto que transluz nas
minhas cartas.
Acontece que a Revolução
ensina nesse ponto este sofisma infame: “Quanto mais você respeita uma pessoa,
tanto mais tenha medo dela, porque ela vai a qualquer momento abusar da
autoridade que tem sobre você, abusar da sua reverência para com ela, para lhe
impor uma coisa dolorida e injusta. A tirania está oculta sob estas palavras:
respeito e afeto.”
Sendo, em geral, muito
grande a diferença de idade entre mim e meus discípulos, e, ademais, pelo fato
mesmo de ser eu o Fundador, decorre daí uma série de autoridades e
venerabilidades especiais, podendo acontecer que alguém, sujeito a essa
autoridade, fique com um certo temor.
Uma desconfiança revolucionária
Esse temor vem do
seguinte preconceito: “Nesse momento, Dr. Plinio parece estar falando com
bondade, com afeto. Mas ele é um homem arbitrário e despótico, e a qualquer
hora manda-me fazer alguma coisa dura. E, na previsão de que eu não vá gostar
do que ele diga, vai mandar com dureza, para achatar qualquer resistência que
eu queira opor. Portanto, eu que, de um lado, quero estar sob essa autoridade,
pois vejo ser essa minha vocação, de outro, vejo que, pelo temperamento dele,
posso ser sujeito a uma injustiça. Fico, então, receoso, distante e com um
certo alívio quando consigo me afastar.” Esse medo deve desaparecer,
substituído pela confiança absoluta, fundada nos fatos: “Ao longo de vinte,
trinta anos de convívio não ouvi falar de um abuso de poder, de um gesto de
autoritarismo orgulhoso e destinado a meter medo. Pelo contrário, os que
convivem com Dr. Plinio antes que eu tivesse nascido, e já estavam sob a
autoridade dele, não contam uma coisa a esse respeito. Já é bastante para ter
confiança que Nossa Senhora me pôs, como mãe carinhosa, em mãos que velem por
mim. Portanto, tenho o dever de confiar.”
De fato, no convívio
diário procuro estabelecer com aqueles que me seguem, nas menores coisinhas, o
mesmo tipo de relacionamento que tinha com Dona Lucilia.
Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 23/5/1994
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