domingo, 31 de julho de 2016

Respeito e afeto III

Conclusão dos posts anteriores
Intimidade e respeito indizíveis
Quem lê as cartas que escrevi a mamãe, nota como eu a tratava com muita intimidade, mas aquela intimidade vinha com um respeito colossal. Eu a admirava a mais não poder e, de outro lado, a venerava, na consideração da superioridade dela sobre mim. Superioridade como mãe, é natural, mas, sobretudo, pelas qualidades morais, virtudes que simplesmente me encantavam, e me punham numa atitude de veneração.
Essa veneração não introduzia nenhum obstáculo ao respeito, que continuava íntegro. Venerava-a, tinha por ela um afeto enorme. Embora o respeito e o afeto sejam sentimentos diversos, e às vezes até podem tomar aparência antitética, de fato se completam. Daí vinha aquele misto de respeito e de afeto que transluz nas minhas cartas.
Acontece que a Revolução ensina nesse ponto este sofisma infame: “Quanto mais você respeita uma pessoa, tanto mais tenha medo dela, porque ela vai a qualquer momento abusar da autoridade que tem sobre você, abusar da sua reverência para com ela, para lhe impor uma coisa dolorida e injusta. A tirania está oculta sob estas palavras: respeito e afeto.”
Sendo, em geral, muito grande a diferença de idade entre mim e meus discípulos, e, ademais, pelo fato mesmo de ser eu o Fundador, decorre daí uma série de autoridades e venerabilidades especiais, podendo acontecer que alguém, sujeito a essa autoridade, fique com um certo temor.
Uma desconfiança revolucionária
Esse temor vem do seguinte preconceito: “Nesse momento, Dr. Plinio parece estar falando com bondade, com afeto. Mas ele é um homem arbitrário e despótico, e a qualquer hora manda-me fazer alguma coisa dura. E, na previsão de que eu não vá gostar do que ele diga, vai mandar com dureza, para achatar qualquer resistência que eu queira opor. Portanto, eu que, de um lado, quero estar sob essa autoridade, pois vejo ser essa minha vocação, de outro, vejo que, pelo temperamento dele, posso ser sujeito a uma injustiça. Fico, então, receoso, distante e com um certo alívio quando consigo me afastar.” Esse medo deve desaparecer, substituído pela confiança absoluta, fundada nos fatos: “Ao longo de vinte, trinta anos de convívio não ouvi falar de um abuso de poder, de um gesto de autoritarismo orgulhoso e destinado a meter medo. Pelo contrário, os que convivem com Dr. Plinio antes que eu tivesse nascido, e já estavam sob a autoridade dele, não contam uma coisa a esse respeito. Já é bastante para ter confiança que Nossa Senhora me pôs, como mãe carinhosa, em mãos que velem por mim. Portanto, tenho o dever de confiar.”
De fato, no convívio diário procuro estabelecer com aqueles que me seguem, nas menores coisinhas, o mesmo tipo de relacionamento que tinha com Dona Lucilia.

Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 23/5/1994

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