quarta-feira, 22 de junho de 2016

Mãe verdadeiramente católica

Comentando algumas das últimas fotos de Dona Lucilia, Dr. Plinio ressalta os aspectos que faziam dela uma verdadeira mãe católica, devota imitadora d’Aquela cuja maternidade divina nobilitou, em todo o universo, a condição de mãe, elevando-a ao plano sobrenatural.
Percebe-se nessa primeira foto mamãe procurando perfurar uma certa névoa da inteligência; ela está aplicando a vista com força. Nota-se aí o vigor de sua personalidade e também a serenidade, a calma.
Entretanto, de dentro do infortúnio, pois ela já estava surda e enxergava com muita dificuldade. Com que ânimo ela procurava ver, examinar as coisas! Ao mesmo tempo, percebe-se um equilíbrio mental e temperamental de primeira ordem. E isso na provação, na dor. É impressionante!
“Ite, vita est”
Para mim — com olhar de filho —, à medida que vão passando essas fotografias, cada uma parece melhor que a anterior. Na foto seguinte, ela não está aplicando mais a vista, nem a inteligência em nada do que ela ainda não conhece, mas vendo o que ela já sabe e ficou para trás.
Ela olha a vida que passou e a que vem. Está tranquilamente entre a vida e a morte, mas com muita dignidade.
Aqui tem alguma coisa que ainda é mais do que o Quadrinho. Nesse Ite, vita est — à maneira do que o padre diz no fim da Missa: “Ite, Missa est” —, a vida se completou, vivida com dignidade. Foi sofrido o que era o caso de sofrer, mas também já está tudo cumprido; resta apenas dar o último passo.
Ela está olhando para o que passou e um tanto para o que virá também, com muita paz e uma alegria nascida da dor. Não é pura e simplesmente alegria, mas um júbilo de quem contempla as flores do sofrimento colhidas no fim da vida: “Eu sofri isso, sofri aquilo, mas está tudo feito, bem aplicado, bem arranjado. Alguma coisa talvez não esteja bem, mas Nossa Senhora arranjará.”
No Quadrinho ela está representada com mais alegria, como quem ainda não dá a vida como inteiramente acabada. Aqui não, está terminada mesmo.
O modo de o xale estar posto sobre ela dá-nos a impressão de que, de um lado, representa a caudal da vida que foi, e, de outro, o que resta viver.
O cabelo dela não é uma auréola de ouro, mas de prata, que a meu ver lhe fica melhor.

 Continua no próximo post.

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