domingo, 26 de junho de 2016

Mãe verdadeiramente católica II

Continuação do post anterior
Na fotografia em que olha para o calendário, ela toma essa posição para comprazer quem a está fotografando, porque já estava com a catarata tão adiantada que via muito pouco, a ponto de nem se preocupar mais em usar óculos.
Eu não quis sujeitá-la, nessa idade, a uma operação de catarata, que para ela poderia ser traumática. Julguei melhor deixar assim.
Nota-se, em meio a tudo isso, muita segurança.
As flores lhe eram bem mais visíveis.
Nessa foto em que olha para as flores, percebe-se que Dona Lucilia está tomada por uma tristeza e até um certo desacordo com algo. Parece lembrar-se de alguma coisa mal feita que a desagradou, e ela ainda se encontra no choque de uma luta, a qual, como de costume, era alguma contenda que não lhe saiu melhor, ou seja, a outra parte não cedeu o que ela queria.
Essas fotografias me consolam. Elas nunca teriam sido possíveis se não fosse aquela crise de diabetes que eu sofri. Porque, estando em convalescença, as pessoas vinham falar comigo e se conseguiu tirar essas fotos.
As pessoas não fazem ideia de quanto eu a queria bem. Era uma miscelânea de muitíssimo afeto e de muito respeito. O respeito que eu tinha a ela era enorme!
Imaginem um jato de luz que bate de frente e inunda um objeto. Assim era o meu afeto por ela. Eu a queria intensamente bem! Não havia em mim intensidade maior possível para querer uma mera criatura humana, depois de Nossa Senhora. E eu lhe manifestava torrencialmente; agradava-a, dizia-lhe coisas amáveis. O tempo inteiro em que eu estava com mamãe, era como se fosse um sino tocando em louvor dela. Não parava!
Meu pai, às vezes, ficava meio enciumado. E então ele lhe dizia, imitando o sotaque português e em tom de brincadeira: “Não te derretas!”
Mas eu percebia que papai queria que eu dissesse alguma coisa para ele. Eu o tratava muito bem, com muita atenção e cortesia. Mas a diferença era enorme! E uma vez ele disse: “É... aqui em casa, papai é tratado muito bem, muito direito… Mas o entusiasmo todo é por mamãe, não é?”
Dona Lucilia tinha um cunhado que ela queria salvar a todo custo. E ela ouvia-me conversar assuntos relativos à Fé com meus amigos, e prestava muita atenção em tudo quanto eu dizia.
Às vezes ela perguntava: “Por que vocês não dizem isto para Fulano?”

Ela julgava, talvez equivocadamente, que ouvindo aquilo o cunhado seria “bombardeado” para o Céu.
Continua...

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