Conclusão dos posts anteriores
Suavidade e bondade
Eu sentia haver qualquer
coisa no fundo, que era o ponto monárquico da alma dela, inteiramente idêntico
ao ponto monárquico de minha alma, mas não sei exprimi-lo como é. Mas, ainda
uma vez, entrava o comum e o não comum aí.
Não sei como se formou
na minha cabeça a ideia de que toda mãe tinha com o filho, no fundo, essa mesma
união. Depois, com o tempo, vi que não era de nenhum modo assim; tratava-se de
uma ilusão fenomenal.
Entretanto, a união
entre eu e mamãe era tão natural, tão profunda... Por exemplo, aquela cena em
que eu, minúsculo, saindo de minha cama, colocada ao lado da cama de mamãe,
sentando-me sobre o peito dela e abrindo seus olhos com minhas mãos, e ela me
atendendo com aquela bondade...4 Vinha-me naturalmente a ideia: “Mãe é isso!”
Essa doçura de Dona
Lucilia era realmente a nota constitutiva, por assim dizer, da pessoa dela, mas
uma doçura modelada e ajustada segundo uma concepção muito elevada e especial a
respeito da virtude, de qual é o papel dessa virtude junto aos homens, como é
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei e Modelo de tudo isso, como é Nossa Senhora,
etc. E que se exprime, por exemplo, pela ideia que ela fazia do Sagrado Coração
de Jesus e daquela imagem que está no seu quarto: é um misto de gravidade, de
seriedade soberana — no sentido que se possa dizer de Deus — majestosa; ao
mesmo tempo defluente, larga. Disso ela tinha uma noção — eu quase ousaria
dizer um feeling 5 — muito precisa, que tomava sua alma por inteiro.
Esse era o ponto
monárquico. Nela, a doçura era um modo de ser essencial desse ponto monárquico.
No Quadrinho, por exemplo, nota-se ser uma senhora que não está nem um pouco em
batalha com ninguém, mas se faz respeitar, com uma suavidade e uma bondade
enormes!
Plinio
Correa de Oliveira – Extraído de
conferência de
30/1/1982
1) Do francês: “O rei te toca, Deus te cure.” 2) Quadro a
óleo, que muito agradou a Dr. Plinio, pintado por um de seus discípulos, com
base nas últimas fotografias de Dona Lucilia. Ver Revista “Dr. Plinio” n. 119,
p. 6-9. 3) Os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Luís Martin e Zélia
Guérin, foram beatificados em 31 de outubro de 2008. 4) Ver Revista “Dr.
Plinio”, n. 161, p. 8-9. 5) Do inglês: percepção, sensação.
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