sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Dores incompreendidas, mas nobremente aceitas

Dona Lucilia admirava seu pai, o qual muito sofrera, e a partir dele ascendeu à figura de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa Senhora e de tudo quanto ensina a Religião católica. Com o olhar posto na cruz, sua alma desabrochou na dor, o que a fez acumular reservas de afeto e de solicitude que ficaram como uma espécie de tesouro a ser bondosamente distribuído a partir da eternidade.
Minha mãe era uma senhora muito mais feita para considerar as qualidades de alma das pessoas do que a Cristandade como um todo. Ela apreciava, sobretudo, o convívio entre as almas, e o objeto imediato de sua atenção foi a nobreza, a elevação de alma daqueles com quem se relacionava.
O pai de Dona Lucilia sofreu muito, desde pequeno
Dona Lucilia foi educada mais por seu pai, Dr. Antônio, do que por sua mãe, Dona Gabriela. Esta era um tipo de senhora como havia naquele tempo, mais um ornato para o lar do que propriamente dona de casa: muito bonita e fina, cuidava-se muito bem. E no sertão de Pirassununga1 daquela época, isto aparecia enormemente. Dr. Antônio, meu avô, gostava que sua esposa fosse assim. Portanto, era ele quem mandava na família.
Ele tinha sofrido muito, desde pequeno. Sua mãe, Dona Maria Jesuína, casara-se muito jovem com Dr. Cândido Ribeiro dos Santos, mas ela falecera também muito cedo, deixando quatro filhos. Dr. Cândido casou-se, então, com uma senhora muito frívola, leviana, afeiçoada às coisas mundanas.
Não tardou para os filhos do primeiro matrimônio serem empurrados de lado, e os do segundo leito colocados na primeira linha, criando assim na casa um ambiente de muita tristeza.
Meu avô esperou estar formado em Direito, e logo depois saiu de casa, passando a morar em Pirassununga, cidade que então estava apenas começando.
Lá ele acabou por fazer uma bonita carreira, mas sempre encontrando circunstâncias muito tristes e até trágicas em seu caminho. Depois de muitas dificuldades, mandou construir uma casinha, onde foi morar com a esposa, e ali viviam na pobreza. Meu avô lutou contra todos esses problemas de um modo tremendo, e sempre ganhando menos dinheiro do que precisava.
Ele pedia a Nossa Senhora que arranjasse um jeito de ele viver bem financeiramente. Afinal, a Santíssima Virgem resolveu os problemas, e ele ficou bem de fortuna, mas sempre levando uma vida de sacrifício. Minha mãe notava nele certa melancolia e o admirava.
Compondo um padrão de católico
Continua no próximo post.

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