sábado, 12 de setembro de 2015

Suavidade e firmeza de princípios de Dona Lucilia

O mundo moderno, por vezes, não compreende a prática de alguns opostos harmônicos, tais como: grandeza e bondade, alegria e seriedade, beleza e praticidade. Dona Lucilia sabia coadunar em sua alma duas belas atitudes, aparentemente difíceis de conviverem juntas: a suavidade de trato e a firmeza de princípios. Plinio Correa de Oliveira, numa conferência, descreveu como isso se dava nela.

Mamãe era uma pessoa eminentemente pacífica. De uma paciência, de uma doçura e de uma suavidade que eu não conheci em ninguém. Mas ela era muito clara e firme em seus princípios: O que é, é! O que não é, não é!
Habitualmente, o estado de espírito dela era de muita bondade, de muita condescendência. Mas se alguma coisa não corria bem, ela mudava seu modo de ser e opunha uma barreira, tranquila, mas inquebrantável!
Digna descendente de portugueses
Agora, se alguém tentava forçar a barreira, ela sabia dizer não! Mas, como é natural, tudo isso muito mais na linha portuguesa do que espanhola. É natural...
Há um provérbio português que diz: “Quem puxa os seus não degenera!” Ela era direta descendente de portugueses do Porto. Eram portugueses que vinham para o Brasil e casavam-se com outros descendentes de portugueses. Era tudo Portugal. Ela possuía, portanto, este modo de ser, com toda a afabilidade portuguesa, toda a doçura portuguesa, que às vezes não é muito reconhecida! Mas é uma coisa que existe e é muito notável.
Esse modo de ser suave, pode ser percebido, por exemplo, nas canções populares de Portugal, diferentes das canções populares da Espanha, de que eu gosto tanto.
Entretanto, meu pai era um homem ainda muito mais pacífico do que ela! Não tem comparação!
Os dois morreram muito avançados em idade, ele com 84 e ela com 92 anos. Tiveram, portanto, um longo tempo de casados. Eu nunca ouvi um dizer para o outro algo desagradável ou indelicado. Nunca vi uma desavença entre eles!
Senhora espanhola
Às vezes ele dava uma opinião meio modernosa, qualquer coisa assim. Ela dizia que não concordava, e discutiam o assunto, mas no terreno das ideias. Quando a discussão chegava a um certo ponto, ela dizia: “Mas, João Paulo, não pode ser” etc., e se entesava!
Como ela descendia de uns vagos antepassados espanhóis do tempo em que o Brasil e Portugal estavam unidos à coroa da Espanha — vieram muitos espanhóis morar em São Paulo — ele sabia disso, e me dizia: “Hiii! Esta senhora espanhola...”

Mas dizia baixinho para não entrar em encrenca. Porque sobretudo o que ele não queria era isso!
Continua no próximo post

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