segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Concórdia profunda entre mãe e filho (cont)

Continuação do post anterior
Numa conferência deve-se falar pouco, mas há exceções...
Recordo-me de uma coisa engraçada. Certa ocasião, fui fazer uma conferência e, antes de sair de casa, ela me disse:
— Filhão, lembre-se disso, hein! Falar pouco. Quando você fizer uma reunião e falar pouco, os outros saem tristes: “Foi pena que durou pouco a reunião!” É uma honra para o conferencista terem achado que a conferência dele durou pouco. Mas se, quando você tiver acabado de falar, todo mundo disser: “Que facilidade ele tem para falar, e como fala longamente, hein! Até cansa as pessoas.” Aí é o seu fracasso.
Então fui para a reunião e, pensando no que ela disse, fiz uma conferência breve demais, e estava ali um senhor — eu não sabia — que fora para lá pela primeira vez, para me ouvir falar em público. Terminada a exposição, esse senhor saiu uma fera, dizendo:
— Mas não tem propósito! Eu saio de minha casa à noite — trabalhei o dia inteiro! — para ouvir esse homem falar, e ele me fala uns quinze minutos! Então seria melhor que ele dissesse que não está com vontade de falar, ou está doente, cansado, e não aceitasse fazer a conferência. Mas não obrigue a pessoa sair de casa para ouvir uma coisinha.
E eu vi as contradições: a pessoa precisa pautar com muito cuidado aquilo que faz, porque alguns podem gostar muito, outros podem não gostar. Daí por diante, quando esse senhor estava presente, eu alongava um tanto a conferência. Fizemos bom relacionamento, e quando ele morreu, há alguns anos, as nossas relações estavam inteiramente em paz.
Assim as coisas andam e se movem.
Quando conversávamos, mamãe, se não concordasse com algo, não dizia nada, ficava quietinha e mudava de assunto. Mas levava aquilo para pensar. E alguns dias depois, encontrando-se comigo ela me dizia: “Filhão, a respeito de tal negócio, você disse isso, eu falei aquilo; e eu queria saber tal coisa.”
E eu, com todo o respeito, toda a reverência que tinha a ela, fosse qual fosse o assunto, falava e punha os pingos nos is, e a coisa terminava muito bem. Era a concórdia profunda entre mãe e filho.
Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 7/1/1995


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