Continuação do post anterior
Numa conferência deve-se falar
pouco, mas há exceções...
Recordo-me
de uma coisa engraçada. Certa ocasião, fui fazer uma conferência e, antes de
sair de casa, ela me disse:
—
Filhão, lembre-se disso, hein! Falar pouco. Quando você fizer uma reunião e
falar pouco, os outros saem tristes: “Foi pena que durou pouco a reunião!” É
uma honra para o conferencista terem achado que a conferência dele durou pouco.
Mas se, quando você tiver acabado de falar, todo mundo disser: “Que facilidade
ele tem para falar, e como fala longamente, hein! Até cansa as pessoas.” Aí é o
seu fracasso.
Então
fui para a reunião e, pensando no que ela disse, fiz uma conferência breve
demais, e estava ali um senhor — eu não sabia — que fora para lá pela primeira
vez, para me ouvir falar em público. Terminada a exposição, esse senhor saiu
uma fera, dizendo:
— Mas
não tem propósito! Eu saio de minha casa à noite — trabalhei o dia inteiro! —
para ouvir esse homem falar, e ele me fala uns quinze minutos! Então seria
melhor que ele dissesse que não está com vontade de falar, ou está doente,
cansado, e não aceitasse fazer a conferência. Mas não obrigue a pessoa sair de
casa para ouvir uma coisinha.
E eu vi
as contradições: a pessoa precisa pautar com muito cuidado aquilo que faz,
porque alguns podem gostar muito, outros podem não gostar. Daí por diante,
quando esse senhor estava presente, eu alongava um tanto a conferência. Fizemos
bom relacionamento, e quando ele morreu, há alguns anos, as nossas relações
estavam inteiramente em paz.
Assim
as coisas andam e se movem.
Quando
conversávamos, mamãe, se não concordasse com algo, não dizia nada, ficava
quietinha e mudava de assunto. Mas levava aquilo para pensar. E alguns dias
depois, encontrando-se comigo ela me dizia: “Filhão, a respeito de tal negócio,
você disse isso, eu falei aquilo; e eu queria saber tal coisa.”
E eu,
com todo o respeito, toda a reverência que tinha a ela, fosse qual fosse o assunto,
falava e punha os pingos nos is, e a coisa terminava muito bem. Era a concórdia
profunda entre mãe e filho.
Plinio
Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 7/1/1995
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