Conclusão do post anterior
Precisando residir em outra casa,
Dr. Plinio telefonava todas as noites para Dona Lucilia
Conto
mais um fato para mostrar como era nosso relacionamento. Durante algum tempo
nós tínhamos uma casa de aluguel; e para retirar um inquilino que não tinha
mais direito de ficar nesse imóvel, era preciso que eu fosse morar nessa casa,
a qual não estava à altura de Dona Lucilia. Ela estava habituada, pelo tipo de
vida dos seus pais, a casas muito boas, distintas, e aquilo era uma casinhola.
Então, eu fui morar naquela casa.
Quando
residia com mamãe, todas as noites antes de me deitar eu ia falar com ela. E
nessa casa, onde precisei residir talvez uns cinco ou seis meses, não havia
telefone — o Brasil estava em guerra e era muito difícil obter um telefone
novo. Então eu ia a uma garagem existente em frente, pedia licença ao dono e
telefonava para ela a fim de dizer boa noite.
Meu pai
me dizia que toda noite, quando chegava mais ou menos a hora em que eu devia
telefonar, ela ficava sentadinha junto ao aparelho numa poltrona, à espera de
meu telefonema e rezando. Não fazia nada enquanto eu não telefonasse. Quando eu
ligava, contava-lhe alguma novidade do dia, dizia-lhe boa noite e depois ela e
eu íamos nos deitar.
Acostumada
a carinhos dessa natureza, explica-se que, com o auxílio de Nossa Senhora, ela
tenha vivido até noventa e dois anos.
Uma
parenta minha, estando certa vez em casa, me viu conversar na intimidade com
mamãe e me disse baixinho: “Se eu tivesse um filho que tratasse a mim como você
trata a ela, eu quereria viver quatrocentos anos nesta terra.” Mas tudo isto
era fruto da confiança que mamãe possuía de que Nossa Senhora lhe daria as
coisas necessárias para afetivamente sustentar-se bem na vida.
Plinio
Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 4/9/1993
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