segunda-feira, 30 de março de 2015

Um feitio de alma, uma forma de bondade

Apresentamos abaixo algumas considerações de Plinio Corrêa de Oliveira a respeito de sua mãe Dona lucilia.
Dona Lucilia jovem
Evidentemente, não me foi possível conhecer Dona Lucilia quando menina. Entretanto, não seria dificultoso reconstituir seu modo de ser nesse período, fundamentado em seu estado de alma depois de ela haver se tornado adulta.
Desse estado de alma, o que mais a caracterizava era uma admirável retidão, que consistia em sempre analisar todas as coisas em sua realidade inteira. Por mais dolorosa ou, ao contrário, por mais promissora que fosse qualquer situação, ela tomava tudo com objetividade, considerando o sofrimento como era de fato, e todas as amarguras que dele podiam-lhe ser provenientes.
Não obstante, Dona Lucilia considerava também as alegrias sem exagerar, porém, a dimensão das vantagens que estas lhe poderiam proporcionar, recordando-se de que tudo é fortuito nesta terra.
Por essa razão ela tomava uma posição muito calma e estável em face da vida, sem grandes torcidas, nem grandes ansiedades ou depressões. Isso não fazia dela, de modo algum, uma pessoa antipática, pois Dona Lucilia vivia profundamente todos os acontecimentos, mas sempre com certa distância, não permitindo que eles influenciassem seu modo de ser.
Entre os acontecimentos e ela, havia uma camada em que os ruídos dos fatos não conseguiam penetrar ou transpor. E para aquém das coisas concretas, Dona Lucilia conservava sua calma, distância psíquica e estabilidade características.
Recolhimento, tranquilidade e senso do dever
Esse estado de espírito proporcionava a Dona Lucilia recolhimento, tranquilidade e força para todas as dificuldades da vida. Por mais que mudassem as circunstâncias, ela permanecia firme em suas convicções.
O que a motivava a agir de tal forma era um implícito e profundo senso do dever, em virtude do qual ela não considerava a vida como a definira certo literato francês: “Um longo charuto saboroso que se trata de fumar até o fim.”
Dona Lucilia não entendia que a finalidade da vida era conquistar glórias e prazeres em honras fátuas, pois ela possuía a certeza de que com a morte tudo isso se esmaecia. E para ela a vida se caracterizava por algo diverso: um dever a cumprir e uma excelência de alma a adquirir. Havia prazeres na vida, mas também havia tristezas; tratava-se então de considerar os prazeres com vistas a poder aguentar as tristezas.

A finalidade da vida era cumprir uma missão e um dever que Deus havia designado em sua providência.
Continua no próximo post

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