quarta-feira, 25 de março de 2015

Afetuosa e cordial seriedade

Para muitos, a seriedade pode soar como algo antipático e, portanto, deve ser evitada. Porém, isto se trata de um engano decorrente de uma falsa concepção, pois a verdadeira seriedade deve caracterizar a alma de todo católico. Desta seriedade amena e afetuosa estava profundamente imbuída a alma de Dona Lucilia.
Em  geral,  quando  se  diz  de  uma pessoa ser muito séria,  é um elogio. Entretanto, esse elogio comporta certa  restrição:  o indivíduo sério, não raras vezes é  tido por carrancudo e sem benevolência. Ele não perdoa e não transige,  lembrando-se  facilmente  das  más  atitudes  por  ele  presenciadas.  Torna-se então desagradável o trato com ele, pelo eventual aborrecimento que possa causar.
Assim, o  contato  com  esse  indivíduo é, por um aspecto, edificante,  devido  à  retidão  de  alma  demonstrada,  convidando  também  aos  outros para tal. De outro, lado porém, ao desejar a prática do bem por parte de todos, intimida aos que não desejam ser direitos.  
Por  isso,  onde  há  alguém  que  continuamente  obriga  e  estimula  a  observância  da  integridade,  não  é  raro  notar  que  as  pessoas  dele  se afastam. Mesmo na experiência  quotidiana é possível observar esse  fato.
Temperante convicção
Embora fosse uma pessoa eximiamente  séria,  Dona  Lucilia  sempre  possuiu um modo cordial e afetuoso  no trato para com os outros. E quando  algum  conhecido  narrava  a  ela  uma ação praticada de maneira incorreta, não era sem torrentes de carinho e afabilidade que ela fazia notar a inconveniência de tal ato e de  suas consequências.
Resultando  de  uma  convicção  temperante e profunda, todas as atitudes  por  ela  tomadas,  por  conseguinte eram sérias também. Quando  estava realmente persuadida de que  um princípio era verdadeiro, nunca  agia de modo a contrariar esse princípio.
Isto era uma máxima que não se  abalava em seu espírito.
Em decorrência, ela pedia às pessoas uma correção exímia no que faziam. E quando alguém tomava uma atitude censurável, caso dependesse  dela, ela corrigia; caso não, ela possuía um modo de passar aquilo sob  silêncio,  por  onde,  amenamente,  a  pessoa  notava  que  não  havia  sido  agradável.
Entretanto, se algo ela não tinha era carranca, porém deixava entendido que o erro não seria tolerado.
Respeito e admiração
Decorrente  desse  modo  de  ser,  Dona Lucilia tomava profundamente a sério as coisas mais respeitáveis.  E, para ela, o que havia de mais sério era a Religião. Logo, ela não tomava nada tão a sério quanto as coisas da Igreja. 
E  se  a  Religião  Católica  indica que o Papa é o chefe visível da  Igreja,  representante  sensível  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo  e  sucessor  de  São  Pedro,  ela  aceitava  sem  reservas,  compreendendo  que era necessário ter, em relação  a ele, todas as disposições de alma  que se deve ter para com quem representa o próprio Cristo entre os  homens. 
O Divino Espírito Santo dirige a  Igreja, Deus dirige a Igreja, mas não  é visto. O Papa, entretanto, é o chefe visível da Igreja de Deus; então,  a ele, Dona Lucilia devotava todo o  seu respeito e sua admiração.
Com  esse  feitio  de  espírito,  que  graças a Deus recebi dela, eu não poderia deixar de haurir também aquilo que havia de veneração ao Príncipe dos Apóstolos, o Papa, sucessor  de São Pedro. Ela o considerava e o  venerava sumamente. 

Nunca se referia de modo a criticar qualquer atitude tomada pelo Romano Pontífice. Ao contrário,  aprazia-lhe  contar  fatos  em  que  as pessoas destes ou daqueles Papas tinham praticado notoriamente as virtudes, a fim de incentivar  em seus próximos o amor ao Papado,  seguindo  incondicionalmente  todas as regras ditadas pelo Santo  Padre.
Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 1/ 7/ 1995

Nenhum comentário:

Postar um comentário