quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Prolongada estabilidade de alma ( cont)

Continuação do post anterior
Convite a ter seus mesmos princípios
Então, como pode uma senhora, como mamãe, adquirir a estabilidade?
É só por meio de princípios, talvez vividos subconscientemente e entrevistos conscientemente, de maneira tal que se diria ter o princípio nascido com o estado emocional. Este nutriu-se com aquele, e se desenvolveu mais do que o princípio puramente teórico.
Creio que mamãe, se nos ouvisse agora, ficaria pasma de saber que de uma simples dona de casa se pode fazer uma extensa digressão como essa. E se soubesse que me refiro a ela mesma, certamente tocaria na minha mão com seus dedos suaves, como costumava fazer, dizendo-me: “Meu filho, meu filho, não tanto...”
Seja como for, ela tinha esses princípios, e tinha como missão própria de mãe convidar os filhos a tê-los também. A mim, na condição de filho, cabia receber esse legado, hauri-lo, amá-lo o quanto possível, e partir para duas coisas: a explicitação desses princípios em doutrina, e a sua aplicação prática na minha vida.
Quer dizer, como mãe e dona de casa, ela não fez outra coisa senão educar. Explicitar e agir era meu dever e meu papel, não o de Dona Lucilia. Para ela, apenas a existência dentro da vida de família. Como, aliás, ela entendia ser o resto da existência urbana de São Paulo ou de qualquer cidade: é um conglomerado de famílias onde todos vivem, sobretudo, no âmbito doméstico, e somente por acaso passam algum tempo nas ruas. Esta era a concepção — vejo bem que idealizada, catolicamente idealizada, e não muito objetiva — das coisas.
“Ela criou um ambiente”
Eu até ousaria dizer que mamãe, à maneira da Igreja Católica que explicita suas doutrinas e estabelece seus dogmas em face das heresias, chegava a explicitar seus princípios quando contestados de alguma forma. Do contrário, ela não agia senão como uma senhora do lar, educando e criando um ambiente na família dela. Porque isto é fato: o ambiente ela criou, e a influência, a presença e o perfume de sua pessoa ainda perduram na casa que hoje é minha. Quem a visita, poderá perceber que mamãe ali está presente, a todo momento.
A mim, pois, coube receber a predileção e a solicitude maternas com as quais me formou, e essa herança da explicitação e da ação. Por isso, em grande parte das doutrinas e pensamentos que desenvolvo, em muito das ações que empreendo, poder-se-á notar algo dessa inestimável influência que v recebi de mamãe.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência em 21/4/1977

Nenhum comentário:

Postar um comentário