Continuação do post anterior
Convite a ter seus mesmos princípios
Então, como pode uma
senhora, como mamãe, adquirir a estabilidade?
É só por meio de
princípios, talvez vividos subconscientemente e entrevistos conscientemente, de
maneira tal que se diria ter o princípio nascido com o estado emocional. Este
nutriu-se com aquele, e se desenvolveu mais do que o princípio puramente
teórico.
Creio que mamãe, se
nos ouvisse agora, ficaria pasma de saber que de uma simples dona de casa se
pode fazer uma extensa digressão como essa. E se soubesse que me refiro a ela
mesma, certamente tocaria na minha mão com seus dedos suaves, como costumava
fazer, dizendo-me: “Meu filho, meu filho, não tanto...”
Seja como for, ela
tinha esses princípios, e tinha como missão própria de mãe convidar os filhos a
tê-los também. A mim, na condição de filho, cabia receber esse legado,
hauri-lo, amá-lo o quanto possível, e partir para duas coisas: a explicitação
desses princípios em doutrina, e a sua aplicação prática na minha vida.
Quer dizer, como mãe
e dona de casa, ela não fez outra coisa senão educar. Explicitar e agir era meu
dever e meu papel, não o de Dona Lucilia. Para ela, apenas a existência dentro
da vida de família. Como, aliás, ela entendia ser o resto da existência urbana
de São Paulo ou de qualquer cidade: é um conglomerado de famílias onde todos
vivem, sobretudo, no âmbito doméstico, e somente por acaso passam algum tempo
nas ruas. Esta era a concepção — vejo bem que idealizada, catolicamente
idealizada, e não muito objetiva — das coisas.
“Ela criou um ambiente”
Eu até ousaria dizer
que mamãe, à maneira da Igreja Católica que explicita suas doutrinas e
estabelece seus dogmas em face das heresias, chegava a explicitar seus
princípios quando contestados de alguma forma. Do contrário, ela não agia senão
como uma senhora do lar, educando e criando um ambiente na família dela. Porque
isto é fato: o ambiente ela criou, e a influência, a presença e o perfume de
sua pessoa ainda perduram na casa que hoje é minha. Quem a visita, poderá
perceber que mamãe ali está presente, a todo momento.
A mim, pois, coube
receber a predileção e a solicitude maternas com as quais me formou, e essa
herança da explicitação e da ação. Por isso, em grande parte das doutrinas e
pensamentos que desenvolvo, em muito das ações que empreendo, poder-se-á notar
algo dessa inestimável influência que v recebi de mamãe.
Plinio Correa de
Oliveira – Extraído
de conferência
em 21/4/1977
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