Continuação do post anterior
“Plinio bleibt bei Mutter”
“Plinio bleibt bei Mutter”
Naturalmente, eu a vi
inúmeras vezes nesse estado de espírito elevado. E em tais momentos ela não era
de falar muito: respondia bem às perguntas que lhe fazíamos, atendia-nos de
maneira natural, mas percebia-se que sua cabeça estava posta em outra coisa.
Seja como for, agradava-me de modo especial estar junto a mamãe nessas horas, e
aquele estado de espírito dela, de alguma maneira se comunicava a mim. Então,
era uma cena clássica: as crianças todas da família reunidas no jardim da casa
da avó, brincando e correndo de um lado para outro sob a vigilância de suas
respectivas governantas.
A nossa, Fräulein
Matilde, responsável por minha irmã, uma prima e eu, de vez em quando se
aproximava para se certificar de que estávamos todos ali. E dava-se o fato que
ela depois comentava com mamãe, e Dona Lucilia se comprazia em repetir (até na
mais avançada ancianidade, ela se deliciava em recordar): com frequência, a
Fräulein notava que eu abandonava os folguedos da criançada e sumia do jardim.
“Onde foi parar o
Plinio?”, perguntava-se, e se punha a me procurar pela casa. Invariavelmente,
eu estava bleiben bei Mutter, isto é, eu tinha fugido para ficar perto de
mamãe. Então, das outras vezes, quando a Fräulein percebia a minha ausência,
não se preocupava. Dirigia-se tranqüilamente a algum dos ajudantes da casa e
perguntava: “Onde está Dona Lucilia?”. A resposta indicaria o lugar do meu
refúgio. Ela se aproximava da sala em questão, e de longe já ouvia minha
conversa com mamãe. Claro, ela entendia muito bem que não devia separar o filho
de junto da mãe, e sabia que Dona Lucilia não gostaria que ela me dissesse:
“Venha cá, volte para o brinquedo!”
Pelo contrário, mamãe
repetia com imensa satisfação o dito da Fräulein Matilde: “Plinio bleibt bei Mutter” — “o Plinio fica onde está a mãe”. Eu escapava
do corre-corre dos meninos e ia para junto de Dona Lucilia. Como é natural, as
crianças não gostavam muito de que eu fugisse, e dali a pouco começavam a
gritar por mim. Então a Fräulein voltava para onde estávamos e comunicava:
“Dona Lucilia, o pessoal está chamando o Plinio”. Com muito afeto, mamãe me
beijava e me dizia: “Filhão, vá lá, desça e brinque com os seus amigos. Estão
chamando você.”
Eu retribuía o beijo,
dava um suspiro e descia. Mas, na primeira ocasião...
Plinio Correa de
Oliveira - Extraído
de conferência
em 9/5/1993
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