terça-feira, 25 de novembro de 2014

Atraente elevação de alma traente elevação de alma

No acervo de suas reminiscências do convívio com sua extremosa mãe, Dr. Plinio colhe, uma vez mais, lembranças das manifestações de elevação de alma com as quais Dona Lucilia pontuava o quotidiano doméstico, e que tanto o atraíam, desde a mais remota infância, a estar sempre onde ela estivesse...
Em outras ocasiões já me foi dado recordar como, no contato com mamãe, eu percebia que o pensamento dela pairava, de modo habitual, em considerações elevadas, de ordem espiritual, postas na meditação das coisas divinas e das realidades sobrenaturais. Pensamentos que transcendiam, portanto, o comesinho e o terreno do dia-adia. Sem deixar de ser, porém, uma dona de casa e mãe de família, vivendo a sua existência doméstica e, pois, atenta aos afazeres concretos que sua condição lhe exigia.
Desejosa de atrair os outros à mesma elevação de alma
Mas, a propósito do concreto, ela se achava constantemente num estado de alma mais elevado, desejando que os outros do seu ambiente também subissem àquelas cogitações, a fim de participarem da alegria que a riqueza desses pensamentos lhe proporcionava.
A esses patamares do espírito, mamãe ascendia com muita suavidade, de maneira natural, tranquila, sem esforço, e com uma estabilidade completa naquilo que ela via e naquilo que alcançava com essas reflexões. Além disso, com muita bondade e desejo de me atrair — a mim, ainda menino — para aquelas altas considerações. Nessa vontade de me comunicar suas expansões de alma eu compreendia que mamãe tinha essa visão superior das coisas, entendendo-as de modo diferente do que as pessoas em geral entendiam.
O gosto pelo estilo francês
Por exemplo, com a paz, a serenidade e a elevação de vistas que lhe eram características, Dona Lucilia se deliciava com as manifestações do espírito francês e com os produtos do requinte e charme alcançados por esse povo. Não era em nada por prazer mundano, e sim porque o mundo francês era para ela um imenso cabochon, uma pedra preciosa cujos reluzimentos se devia admirar. E nessa admiração ela nos
convidava a nós, seus filhos, a igualmente apreciarmos e tomarmos gosto pelo estilo francês, como expressão do melhor que o talento humano até então havia engendrado.
Lembro-me, nesse sentido, de nossa viagem à França, em 1912, quando minha irmã e eu éramos muito pequenos, e mamãe procurava nos insinuar esse gosto através dos comentários que fazia, dos presentes que nos comprava ou das iguarias que nos levava para saborear em boas casas de chá. Tudo isso nos convidava a subir naqueles patamares onde ela passeava seus pensamentos.

Continua no próximo post

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