quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Profundo senso do dever

No âmbito da vida familiar que lhe era próprio, Dona Lucilia tomava como importante dever o tornar a atmosfera doméstica tão atraente e feliz quanto fosse possível em meio às vicissitudes diárias. E procurava igualmente — recorda-nos Dr. Plinio — conduzir todas as coisas com elevação de alma e espírito católico, tendo em vista a maior glória de Deus.
Quando me lembro das análises que fiz, durante a vida de mamãe, do seu temperamento e modo de ser, vejo que o espírito dela era marcado por uma particular retidão, a qual consistia em ver sempre todas as coisas de frente. Por mais dolorosas ou promissoras que fossem, considerava-as de forma objetiva.
Calma e estabilidade face à vida
Em se tratando de sofrimentos, tomava-os como se apresentavam, com as sequelas de amarguras que podiam trazer. Por outro lado, aceitava também as alegrias como eram, sem exagerar o tamanho das vantagens que proporcionavam e compreendendo como, nesta Terra, tudo é aleatório e pode, de repente, degringolar e dar em desabamentos.
Desse estado de espírito lhe redundava muita calma e estabilidade face à vida. Mamãe não era dada a grandes ansiedades, vibrações ou, menos ainda, depressões, embora não fosse uma pessoa apática. Aliás, era de um temperamento bem diverso do meu, fleugmático por herança paterna. Ela vivia profundamente todos os acontecimentos, mas a partir de uma certa distância: havia entra ela e os fatos uma camada que os ruídos destes não conseguiam penetrar nem transpor. E mamãe, aquém dos fatos, conservava sua serenidade e seu modo de ser constante.
Recolhida e meiga em todas as circunstâncias
De maneira que, em meio ao vaivém das circunstâncias, ela se mostrava sempre na mesma posição tranqüila, recolhida e meiga. E por detrás dessa atitude tão serena, notava-se um profundo senso do dever. Ao contrário do que imaginam certos espíritos a respeito da vida — para os quais esta é um grande prazer a ser aproveitado até o fim —, mamãe não entendia que a finalidade da existência humana fosse conquistar honras e deleites o mais possível até estourar.
Não. Para ela a vida era um dever a cumprir e um esforçar-se para adquirir um feitio de alma. Claro, há prazeres no nosso quotidiano, assim como há tristezas. Trata-se até de tirar partido dos prazeres para se poder aguentar as tristezas, mas não se deve esquecer que a primeira finalidade da vida é cumprir esse dever e alcançar esse estado de espírito.
Tornava atraente a intimidade doméstica

No âmbito restrito da vida de família, ela considerava como seu dever proporcionar bem-estar, felicidade e elevação de alma ao ambiente, tornando-o atraente para o marido e os filhos, com uma afabilidade e afeto capazes de sobrepujar as más influências do mundo. Além disto, quanto aos filhos, formá-los de maneira a serem perfeitos católicos e cumprirem suas respectivas missões na Terra, habituando-os aos bons valores da tradição familiar a fim de que, por sua vez, eles os transmitissem aos próprios filhos.
Continua no próximo post

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