No âmbito da vida
familiar que lhe era próprio, Dona Lucilia tomava como importante dever o
tornar a atmosfera doméstica tão atraente e feliz quanto fosse possível em meio
às vicissitudes diárias. E procurava igualmente — recorda-nos Dr. Plinio — conduzir
todas as coisas com elevação de alma e espírito católico, tendo em vista a
maior glória de Deus.
Quando me lembro das
análises que fiz, durante a vida de mamãe, do seu temperamento e modo de ser,
vejo que o espírito dela era marcado por uma particular retidão, a qual
consistia em ver sempre todas as coisas de frente. Por mais dolorosas ou
promissoras que fossem, considerava-as de forma objetiva.
Calma e estabilidade
face à vida
Em se tratando de
sofrimentos, tomava-os como se apresentavam, com as sequelas de amarguras que
podiam trazer. Por outro lado, aceitava também as alegrias como eram, sem
exagerar o tamanho das vantagens que proporcionavam e compreendendo como, nesta
Terra, tudo é aleatório e pode, de repente, degringolar e dar em desabamentos.
Desse estado de
espírito lhe redundava muita calma e estabilidade face à vida. Mamãe não era
dada a grandes ansiedades, vibrações ou, menos ainda, depressões, embora não
fosse uma pessoa apática. Aliás, era de um temperamento bem diverso do meu,
fleugmático por herança paterna. Ela vivia profundamente todos os
acontecimentos, mas a partir de uma certa distância: havia entra ela e os fatos
uma camada que os ruídos destes não conseguiam penetrar nem transpor. E mamãe,
aquém dos fatos, conservava sua serenidade e seu modo de ser constante.
Recolhida e meiga em todas as circunstâncias
De maneira que, em
meio ao vaivém das circunstâncias, ela se mostrava sempre na mesma posição
tranqüila, recolhida e meiga. E por detrás dessa atitude tão serena, notava-se
um profundo senso do dever. Ao contrário do que imaginam certos espíritos a
respeito da vida — para os quais esta é um grande prazer a ser aproveitado até
o fim —, mamãe não entendia que a finalidade da existência humana fosse
conquistar honras e deleites o mais possível até estourar.
Não. Para ela a vida
era um dever a cumprir e um esforçar-se para adquirir um feitio de alma. Claro,
há prazeres no nosso quotidiano, assim como há tristezas. Trata-se até de tirar
partido dos prazeres para se poder aguentar as tristezas, mas não se deve
esquecer que a primeira finalidade da vida é cumprir esse dever e alcançar esse
estado de espírito.
Tornava atraente a intimidade doméstica
No âmbito restrito da
vida de família, ela considerava como seu dever proporcionar bem-estar,
felicidade e elevação de alma ao ambiente, tornando-o atraente para o marido e
os filhos, com uma afabilidade e afeto capazes de sobrepujar as más influências
do mundo. Além disto, quanto aos filhos, formá-los de maneira a serem perfeitos
católicos e cumprirem suas respectivas missões na Terra, habituando-os aos bons
valores da tradição familiar a fim de que, por sua vez, eles os transmitissem
aos próprios filhos.
Continua no próximo post
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