Continuação do post anterior
Alguém poderia
indagar: “Dona Lucilia não foi, portanto, uma pessoa que o preparou para a luta
pela vida? Não lhe deu ambições e estímulo? O senhor não tinha a legítima
vontade de ser um grande advogado e de progredir financeiramente? Sua mãe não
lhe deu nenhum desses valores?”
Deu, porém sob o
aspecto de um dever, o qual ela nos fazia entender através de diversos
comentários e observações que pareciam dizer o seguinte: “Por favor da
Providência Divina, nossa família pertence a um bom nível social, e temos
obrigação de honra para conosco de fazermos o que estiver ao nosso alcance, de
modo honesto, para não decair. Portanto, temos obrigação de trabalhar, de
economizar e de nos esforçar para manter a família na posição que corresponde a
ela e à tradição dos nossos maiores.”
Entendíamos, assim,
que manter aquela elevação era um dever imposto a nós, não por um desfrute ou
uma vantagem mundana, mas pela elevação enquanto ideal a ser conservado, e faz
parte dessa conservação o subir na medida do possível. Não como um rojão, como
um aventureiro, nem por meio de truques e manobras indecorosas ou trajetórias
impensáveis de rápidas. Subir por um trabalho honesto, gradual e, se for
bastante inteligente e capaz, subir muito. Era uma obrigação para levar adiante
o nome da família.
Porém, para ela tudo
isso não era o mais importante. O principal é ser católico apostólico romano,
autêntico, e servir a Deus. Manter tradições, posição e o nome de família era
obrigação secundária, decorrente do serviço e do amor a Deus, como cumprimento
de uma vontade d’Ele.
A felicidade numa vida de alma piedosa e simples
Não se tratava, pois,
de felicidade, e sim de um dever. A felicidade se acha noutra coisa. Onde?
Segundo a concepção
de mamãe, em ter uma vida de alma elevada, piedosa e tranquila, desfrutando dos
prazeres simples, despretensiosos e normais da existência. A felicidade não
está nas grandes festas, mas na boa ordenação da vida quotidiana. A felicidade
não está nas grandes viagens, mas no bom aproveitamento dos lazeres comuns. A
felicidade não está nas grandes fortunas, mas em conferir um significado
espiritual e moral ao gozo do dinheiro que possuímos.
Essa é a verdadeira
felicidade, temperante e modesta, experimentada até mesmo no infortúnio, pois
quando este se abate sobre nós, desde que não tenhamos culpa, nada de nossa
essência foi afetado. Quer dizer, conservamos o essencial: a consciência limpa
diante de Deus e uma riqueza de alma que torna a existênv cia digna de ser
vivida.
Plinio Correa de
Oliveira – Extraído
de conferência
em 24/6/1973
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