Continuação do post anterior
A prima vestida de noiva no caixão
Recordo-me, por
exemplo, de ela nos contar o que se passou quando faleceu uma de suas primas,
da qual era muito amiga, vítima de diabetes. Na véspera do desenlace, mamãe,
que se encontrava na fazenda do pai, sonhou que a prima ia morrer. Na manhã
seguinte, levantou-se e saiu para passear pelo campo até que, em determinado
momento, um empregado da fazenda veio ao encontro dela, com um telegrama do
tio, pai daquela moça, avisando que a filha morrera.
Mamãe tomou o
primeiro trem para São Paulo, onde chegou para o velório e o enterro da prima.
E nos descrevia então este pormenor que muitos desconheciam: no caixão ela viu
a jovem toda vestida de noiva, como era costume naquele tempo quando se
enterravam moças que morriam antes de contrair matrimônio. Estava, portanto,
preparada como se fosse para o casamento, exprimindo assim o belo simbolismo da
virgindade com que a falecida compareceria diante de Deus.
Ação de presença contra-revolucionária
Esse e outros fatos
povoavam as lembranças de mamãe, e enriqueciam suas conversas de um modo que as
ia diferenciando cada vez mais das prosas influenciadas pelas trepidações
modernas.
Essa diversidade
correspondia também a uma diferença de afeição. Quando mamãe queria bem a uma
pessoa, era uma benquerença séria e para a vida inteira. Quer dizer, ela era
seriamente amiga das pessoas às quais devotava seu afeto, na calma e na
serenidade em que sempre a víamos. Tais características compunham essa ação de
presença peculiar de mamãe, que eu não hesitaria em qualificar de
contra-revolucionária, na medida em que favorecia as boas disposições de alma
dos seus semelhantes, convidando-os a compartilhar daquela calma e daquela
piedade as quais só poderiam desagradar a Revolução.
Plinio Correa de
Oliveira – Extraído
de conferência em 10/7/1994
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