sábado, 13 de setembro de 2014

Em tudo conforme à Igreja

O convívio com Dona Lucilia oferecia a Dr. Plinio a oportunidade de se aprofundar no conhecimento da psicologia humana, bem como na percepção das virtudes cristãs vividas com compenetração, porém com facilidade, como se fossem uma segunda natureza. Para ele, sua mãe foi um modelo de amor ao Coração de Jesus, à Igreja e ao Papa.
Como a maioria dos filhos, desde muito pequeno senti o carinho e o afeto de mamãe para comigo, assim como percebia, a la criança, a elevação de alma com que ela os dispensava à minha irmã e a mim. Também ainda menino, através dos diversos movimentos de encanto que a pessoa dela despertava naturalmente no meu coração filial, aprendi as primeiras noções de psicologia humana, compreendendo como as qualidades morais se entrelaçavam no espírito dela, constituindo o todo harmonioso e belo de uma alma virtuosa.
Lição permanente de lealdade a Deus
Não hesito em dizer, pois, que a partir dos meus remotos tempos de menino, e estendendo-se ao longo da vida de Dona Lucilia esta foi para mim uma lição permanente de lealdade em relação a Deus e aos seus Mandamentos.
Nesse sentido, já tive oportunidade de salientar o modo como mamãe considerava o dever de frente, com seriedade e ânimo resoluto; como demonstrava uma fortaleza invulgar diante do sacrifício que se lhe apresentava no caminho, enfrentando-o sem nada perder de sua suavidade e das outras virtudes que a caracterizavam. Daí ela ter sido, de certo modo, a matriz das boas disposições de alma que eu porventura cultivaria em mim mesmo. Vivendo uma existência comum de dona-de-casa, mamãe foi de alguma maneira a minha “memória”, onde eu encontrava tudo aquilo a partir do qual talhei minha personalidade de católico, apostólico, romano. E eu apreciava esta jóia inicial, na sua beleza primeva, incrustada no espírito dela.
De fato, não fosse o reluzimento contínuo desses fundamentos de virtude nela enraigados, eu me teria esquecido daqueles movimentos primeiros de admiração das qualidades dela, que tanto contribuíram para minha própria formação. E esse rebrilhar durou até a sua extrema ancianidade.
Suprema firmeza

Um episódio característico. Algum tempo antes de mamãe morrer, percebi que ela rasgava papéis e se desfazia de coisas que tinha guardado a vida inteira. Ao fazê-lo, notava-se nela uma certa tristeza e desilusão. Porém, eu tinha tomado como regra não desgostá-la em nada, e o que ela quisesse, ela faria. Mesmo sabendo tratarem-se de escritos meus para ela, não fiz oposição às destruições. Pouco tempo depois percebi que ela pressentia a sua morte, e decidira destruir, ela mesma, o que receava não seria conservado pelos outros. Quer dizer, antes das suas exéquias, mamãe preparou os funerais das recordações dela... Permitam-me salientar a firmeza de alma e a lealdade de vistas que tal atitude representa. Ela terá dito a si mesma: “Encontro-me nessa situação, e a conduta razoável a ser adotada, de frente, é essa”, e caminhou para a morte, acompanhada da idéia de colocar em ordem seus papéis e seus pertences, a fim de não dar trabalho aos outros! Tudo isso, quero crer, está de acordo com o equilíbrio de virtudes numa alma católica.
Continua no próximo post

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