domingo, 10 de agosto de 2014

Retidão e calma

Alguns comentários de Plinio Correa de Oliveira sobre Dona Lucilia extraído de conferência em 13/6/1982 
Dona  Lucilia  me  fazia  perceber,  continuamente,  a  beleza da retidão. De modo especial, ela o manifestava através do olhar, muito expressivo nesse sentido. Mais. Além de ressaltar o  que existe de belo na retidão, dava-me a conhecer o repouso e a serenidade que a alma humana experimenta ao ser reta.
Preocupação na calma
No  próprio  exemplo  de  mamãe,  ao se analisar as fotografias dela, pode-se  constatar  essa  verdade.  Mesmo naquelas em que aparece preocupada, não se nota qualquer agitação de sua parte. Pelo contrário, o  olhar continua a transmitir uma disposição de espírito inteiramente serena. A preocupação com calma representa,  aliás,  um  grande  equilíbrio de alma. Qualquer homem, nesta terra de exílio, passa por preocupações.  Uma  coisa,  porém,  é  ficar  preocupado, outra é deixar-se tomar  de nervosismo, ansiedades, etc. Atitudes estas que mamãe procurava, e  conseguia, afastar de seu coração.
Alma sofredora, repousando na paz
Maneira peculiar de se perceber  a paz que havia na alma de Dª Lucilia  era  observá-la  enquanto  dormia. Com a intimidade de filho, naturalmente, eu a vi inúmeras vezes  nos seus momentos de repouso. Viaa também na hora em que despertava, sobretudo no meu tempo de menino e adolescente, quando me despedia dela antes de ir para o colégio: não fazia cerimônia, acordava-a e com ela trocava uns minutos de  prosa. Depois que fiquei mais velho,  moderei um tanto esse hábito. Mas,  naquela época, depois de tirá-la do  seu justo descanso, perguntava-lhe:
— Meu bem, bom dia, como vai a  senhora?
E eu notava que, nela, a passagem  do repouso para o estado de acordada  era  serena,  e  com  o  primeiro olhar já todo aberto para a realidade à sua volta. Tinha-se a impressão de que o sono dela era profundo,  restaurador, reparador. A tal ponto  que eu a fitava e me vinha este pensamento:  “Como  deve  ser agradável dormir o sono dela”. Mamãe, aliás, costumava dizer que o sono era um imenso benefício que Deus concede aos  homens, porque suspende sobre estes as infelicidades da vida.

Via, então, uma alma à qual não  eram  poupados  sofrimentos,  mas  que sabia dormir na paz. Portanto,  muito distante de ser uma alma agitada e nervosa por causa das preocupações que sempre nos colhem ao  longo da existência terrena.

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