quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pedidos de um filho estremecido

Continuação do post anterior.
No dia 22 de abril DªLucilia deveria completar 92 anos. Apesar da avançada idade, ela dava a impressão de que poderia ainda viver por muito tempo, tanto mais sendo freqüente em sua família a longevidade. Ninguém imaginava que, dentro em pouco, ela partiria deste mundo rumo à eternidade.
Cerca de um mês depois de terem sido tiradas as fotografias, constatou-se o súbito agravamento de sua saúde. Tinha chegado a seus últimos dias.
“Eu me lembro — conta Dr. Plinio — que no dia 20 de abril, véspera da morte de mamãe, vi que ela estava muito pior do coração, e passei, literalmente, o dia inteiro no quarto dela. Se tinha de sair, voltava logo a seguir. Ela estava tão opressa pela falta de respiração que não podia conversar, e sentia a agonia, o mal-estar que a falta de respiração naturalmente traz consigo. Mas permanecia calma, tranquila, serena”.
Continua Dr. Plinio:
“Pouco antes eu pedira a Nossa Senhora que tivesse a bondade maternal de fazer sobrevir o falecimento de mamãe num momento que fosse menos doloroso para ela e para mim. Parecia-me um pedido razoável, que Nossa Senhora tomaria a bem.
“Perguntei-me quais seriam as condições mais favoráveis para isso. Evidentemente, meu desejo era de que sua morte fosse tranquila, serena, com aquela grandeza que no meio de tanta bondade não a abandonou em nenhum momento; e com todos os sinais de que ela morria inteiramente unida ao Sagrado Coração de Jesus, ao Coração Imaculado de Maria e à Santa Igreja Católica.
“Pedi também que durante a noite eu não fosse sobressaltado com a notícia de seu falecimento, mas que o desenlace ocorresse durante o dia, e assim eu não tivesse o terrível choque de ser acordado em plena madrugada com alguém a me dizer:
“— Dona Lucilia está morrendo... “Seria horroroso. Eu gostaria de que isso me fosse poupado.
“Cheguei a expressar a Nossa Senhora mais um desejo: caso mamãe morra de manhã, eu gostaria de que fosse numa hora em que eu já tivesse lido o jornal, porque após sua morte eu não teria forças para isto, e poderia escapar-me alguma notícia importante para a Causa Católica.
“Foi exatamente desse modo que tudo se passou. Quando terminei a leitura do jornal, entrou o enfermeiro no meu quarto e me disse:
“— Dona Lucilia está morrendo, o senhor venha depressa.

“Meticulosamente, tudo o que pedi se realizou, exceto num ponto: eu gostaria de ter assistido aos últimos instantes de sua vida. Mas Nossa Senhora até nisso foi bondosa, poupando-me algo que me seria em extremo doloroso. De mamãe, a Providência pediu uma última prova: a ausência de seu filho naquele momento supremo de sua vida.”
Transcrito, com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João S. Clá Dias

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