segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Magnanimidades de outrora

Entre os diversos “fatinhos” que, sem perder palavra, DªLucilia ouvia com gosto dos lábios de seu filho, vem aqui a propósito outro, também relacionado com o Conselheiro João Alfredo.
Tendo acabado de assistir à Missa, certo dia, na Catedral de São Paulo, Dr. Plinio se encontrava junto à porta de saída, quando dele se aproximou um senhor de idade, ainda robusto, modestamente trajado, com roupas muito gastas. Manifestou com amabilidade a Dr. Plinio o desejo de cumprimentá-lo e conhecê-lo pessoalmente, pois sabia ser ele sobrinho-neto do Conselheiro João Alfredo.
Contou-lhe que este causara seu empobrecimento, ao fazer aprovar a Lei Áurea. Explicou que naquela ocasião ele era fazendeiro e dono de escravos, e com a libertação destes justamente na época da colheita do café, perdera a mão-de-obra e nunca mais conseguira recuperar-se do prejuízo sofrido.
— O senhor veja como estou vestido — disse ele. — Apesar de tudo, gostaria de cumprimentá-lo e expressar-lhe minha admiração pelo João Alfredo, pelo bem que ele fez aos escravos.

Dr. Plinio o saudou efusivamente. Ao voltar para casa, relatou o ocorrido a uma ouvinte que, como ninguém, sabia avaliar os belos e virtuosos gestos... Ela, muito agradada com aquela atitude, teceu elogios à rara magnanimidade do fazendeiro empobrecido, o qual, sem dúvida, foi beneficiado por suas orações.

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