Entre os diversos “fatinhos” que, sem perder palavra, DªLucilia ouvia com gosto dos lábios de seu filho, vem aqui a propósito outro,
também relacionado com o Conselheiro João Alfredo.
Tendo acabado de assistir à Missa, certo dia, na Catedral de
São Paulo, Dr. Plinio se encontrava junto à porta de saída, quando dele se
aproximou um senhor de idade, ainda robusto, modestamente trajado, com roupas
muito gastas. Manifestou com amabilidade a Dr. Plinio o desejo de
cumprimentá-lo e conhecê-lo pessoalmente, pois sabia ser ele sobrinho-neto do
Conselheiro João Alfredo.
Contou-lhe que este causara seu empobrecimento, ao fazer
aprovar a Lei Áurea. Explicou que naquela ocasião ele era fazendeiro e dono de
escravos, e com a libertação destes justamente na época da colheita do café,
perdera a mão-de-obra e nunca mais conseguira recuperar-se do prejuízo sofrido.
— O senhor veja como estou vestido — disse ele. — Apesar de
tudo, gostaria de cumprimentá-lo e expressar-lhe minha admiração pelo João
Alfredo, pelo bem que ele fez aos escravos.
Dr. Plinio o saudou efusivamente. Ao voltar para casa,
relatou o ocorrido a uma ouvinte que, como ninguém, sabia avaliar os belos e
virtuosos gestos... Ela, muito agradada com aquela atitude, teceu elogios à
rara magnanimidade do fazendeiro empobrecido, o qual, sem dúvida, foi
beneficiado por suas orações.
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