Ao longo de
sua biografia, estampada neste blog, pudemos admirar as reações cheias de
temperança de Dª Lucilia, e sua inabalável confiança na Providência, ante
situações tão extremas e tão próprias a lhe dar as maiores alegrias, bem como
as mais pungentes tristezas. Assim, a eleição de seu filho para deputado —
quando jovem de apenas 24 anos, o mais votado do país — ou ainda a nomeação
dele para cátedras em três faculdades, foram fatos que muito contentamento lhe
trouxeram, sem que, no entanto, em nenhum momento, perdesse a calma ou deles se
envaidecesse. De outro lado, o falecimento de sua tão querida e venerada mãe,
ou o ver-se sujeita a restrições financeiras notáveis, foram dissabores por ela
suportados com inteira dignidade e cristã resignação.
Com o
correr dos anos, e o rolar dos acontecimentos nacionais e internacionais para
um futuro cheio de incertezas e de riscos, a figura de Dª Lucilia aparecerá
nimbada numa discreta mas intensa luz. Luz prateada que lhe virá não só da
respeitabilidade acrescida pelo avançar da idade, mas também do esplendor da
alma fiel que nunca se vergará ante os fatores mais adversos ao cumprimento da
vocação.
É essa
fidelidade inquebrantável, de proa de marfim que fende as águas e reluz ao sol
em sua alvura, a nota que nos aparecerá mais nítida quando a existência dela
passa a transcorrer quase toda em meio a acontecimentos terríveis e grandiosos.
O ano de
1939 caminhava para seu fim. Em breve os fatos na Europa se precipitarão,
arrastando as nações para a mais pavorosa guerra da história. Na serenidade de
suas reflexões, Dª Lucilia verá como tudo se irá distanciando daquele mundo
ainda impregnado por algo do aroma da Civilização Cristã. Em outras palavras,
como a humanidade se afastará cada vez mais de Deus.
E Dª
Lucilia certamente tinha razões para pôr em dúvida que dos escombros da guerra,
já iminente, se erguesse uma sociedade regenerada. Pelo contrário, a impiedade
geral só fazia temer que as transformações provocadas pelo conflito afundassem
ainda mais o mundo no pecado.
Em suas
orações, entretanto, procurará ela reparar aquele Coração Sagrado “que tanto
amava os homens e que deles só recebia ingratidões e ultrajes”, segundo queixa
por Ele feita a Santa Margarida Maria Alacoque...
(Transcrito, com adaptações, da obra
“Dona Lucilia”, de Mons. João S. Clá Dias)

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