quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dignidade cristã, fidelidade inquebrantável

Ao longo de sua biografia, estampada neste blog, pudemos admirar as reações cheias de temperança de Dª Lucilia, e sua inabalável confiança na Providência, ante situações tão extremas e tão próprias a lhe dar as maiores alegrias, bem como as mais pungentes tristezas. Assim, a eleição de seu filho para deputado — quando jovem de apenas 24 anos, o mais votado do país — ou ainda a nomeação dele para cátedras em três faculdades, foram fatos que muito contentamento lhe trouxeram, sem que, no entanto, em nenhum momento, perdesse a calma ou deles se envaidecesse. De outro lado, o falecimento de sua tão querida e venerada mãe, ou o ver-se sujeita a restrições financeiras notáveis, foram dissabores por ela suportados com inteira dignidade e cristã resignação.
Com o correr dos anos, e o rolar dos acontecimentos nacionais e internacionais para um futuro cheio de incertezas e de riscos, a figura de Dª Lucilia aparecerá nimbada numa discreta mas intensa luz. Luz prateada que lhe virá não só da respeitabilidade acrescida pelo avançar da idade, mas também do esplendor da alma fiel que nunca se vergará ante os fatores mais adversos ao cumprimento da vocação.
É essa fidelidade inquebrantável, de proa de marfim que fende as águas e reluz ao sol em sua alvura, a nota que nos aparecerá mais nítida quando a existência dela passa a transcorrer quase toda em meio a acontecimentos terríveis e grandiosos.
O ano de 1939 caminhava para seu fim. Em breve os fatos na Europa se precipitarão, arrastando as nações para a mais pavorosa guerra da história. Na serenidade de suas reflexões, Dª Lucilia verá como tudo se irá distanciando daquele mundo ainda impregnado por algo do aroma da Civilização Cristã. Em outras palavras, como a humanidade se afastará cada vez mais de Deus.
E Dª Lucilia certamente tinha razões para pôr em dúvida que dos escombros da guerra, já iminente, se erguesse uma sociedade regenerada. Pelo contrário, a impiedade geral só fazia temer que as transformações provocadas pelo conflito afundassem ainda mais o mundo no pecado.
Em suas orações, entretanto, procurará ela reparar aquele Coração Sagrado “que tanto amava os homens e que deles só recebia ingratidões e ultrajes”, segundo queixa por Ele feita a Santa Margarida Maria Alacoque...

(Transcrito, com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João S. Clá Dias)

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