Como vimos no post anterior, embora sendo muito votado, Dr Plinio não conseguiu uma cadeira na Câmara. Dona Lucilia participou profundamente do pesar que
essa sucessão de fatos haveria de causar a seu filho, mas nem por isso deixou
de ter esperança no Sagrado Coração de Jesus. ‘Afinal — terá com certeza pensado
— as vias da Providência são insondáveis, e destas provações não deixará Deus
de tirar proveito”. Ao menos a Dr. Plinio restaria mais tempo para se dedicar à
vida intelectual e ao apostolado, e para estar junto de sua mãe, tão saudosa de
seu “filhão querido” quando este se ausentava.
E assim foi. Assumida a cátedra de História da
Civilização no Colégio Universitário da famosa Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco, bem como, mais tarde, as cátedras análogas das Faculdades de
Filosofia, Ciências e Letras de São Bento e Sedes
Sapientiæ (posteriormente incorporadas à Universidade Católica), Dr. Plinio
entregou-se a fundo aos estudos históricos e às atividades das Congregações
Marianas, passando também a dedicar mais tempo ao semanário católico
“Legionário” — do qual já era diretor desde agosto de 1933 — que nos anos subsequentes alcançaria repercussão nacional.
O tempo livre para fazer companhia a Dona Lucilia, no
entanto, com o correr dos anos tornar-se-ia cada vez mais escasso, o que ela aceitará
com toda a resignação de uma alma autenticamente católica.
Após todos esses vaivéns, era preciso, enfim, cuidar
da decoração do lar, ou mudar para uma residência melhor. Tendo Dona Rosée encontrado
uma casa, em boas condições, próxima à dela, foi radiante de alegria dar a
notícia a Dona Lucilia. Pouco menor que a da Rua Marquês de Itu, porém muito
mais bem arranjada pelo proprietário — pessoa de indiscutível bom gosto — a
moradia era um verdadeiro mimo, decorada com belos papéis de parede e vitrais
de boa qualidade, e o aluguel era só um pouco mais caro que o anterior (50 mil
réis de diferença). Por tudo isso, para lá se mudaram.
O novo lar — na Rua Itacolomy, n° 625, no Bairro de
Higienópolis — bem mais digno que o anterior, agradou enormemente a Dona
Lucilia. Dona Rosée encarregou-se da decoração, de forma que em pouco tempo
estava tudo pronto, e muito adequado ao modo de ser de sua mãe.
Os hábitos de Dona Lucilia variavam de acordo com a
casa e com os imponderáveis do ambiente. Entre as diversas recordações de sua
passagem por essa residência, conta-se que, dos cômodos do andar superior, ela
escolhera um para quarto de toilette, onde, com tranquilidade e distinção,
todas as tardes tomava chá, servido numa bandeja preparada com esmero por uma
fidelíssima empregada portuguesa.
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