quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Incólume tabernáculo interior - V

Dia da formatura na Faculdade do Largo São Francisco
Outro momento no qual ela passou por grande aflição foi quando cheguei quase atrasado à minha formatura na Faculdade de Direito. Aí ela fez um drama comigo que nunca fizera em outra ocasião. Chamou-me para irmos ao quarto dela, que era longe, no outro lado da casa. Entramos, era dia de formatura e pensei que ela fosse me dizer alguma coisa agradável; ela passou a chave na porta, coisa que nunca havia feito, e pôs-se de joelhos diante de mim.
Eu disse:— Mas mãezinha, o que é isso?!
Ela respondeu:
— Você não sabe o que eu sofri durante esse tempo, e você vai me prometer que nunca mais repetirá isso.
Então percebi o que era. Dei risada, ajudei-a a levantar-se.
Ela afirmou:
— Não, você não está tomando a sério o que estou dizendo e a coisa é seríssima.
— Está bem, eu prometo tudo o que a senhora quiser...
Passamos, então, à sala onde estavam as outras pessoas. Foram as duas vezes que a vi assim.
Daí essa calma que vemos nesta fotografia. É uma pessoa que viveu sua vida e tem a sensação de que os vagalhões todos vieram, mas não penetraram nem desarranjaram em nada esse tabernáculo interior, e que, portanto, a vida estava feita. Alguma coisa que nessa idade ainda viesse não era mais nada. Ela estava se preparando para o Céu.
A calma e a glória

Continua

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