Por um
particular discernimento dos espíritos, Dona Lucilia compreendia o lado por
onde as pessoas seriam boas e o sofrimento de cada uma, e as ajudava com muito
afeto, acompanhado de uma disponibilidade prévia de perdoar. Acompanhemos os
comentários de seu filho, Plinio Corrêa de Oliveira.
No centro e no ápice
da afetividade de mamãe, da bondade e de todo seu modo de ser, havia a devoção
dela ao Sagrado Coração de Jesus e, naturalmente, a Nossa Senhora também.
Muitas e muitas vezes me impressionou vê-la rezar diante da imagem do Sagrado
Coração de Jesus que havia em seu oratório, e considerar a relação existente
entre ela e aquela imagem.
Transparência do divino no humano
Notava-se que a alma
de Dona Lucilia era ansiosa de encontrar aquele termo do afeto dela. Quer
dizer, mamãe era configurada de tal maneira pela graça e por algo da natureza,
que se ela não conhecesse o Sagrado Coração de Jesus, ela O procuraria. E
encontrando-O, ela O identificaria como sendo aquilo que procurou. E aquilo
tomaria a alma dela inteiramente, como tendo sido criada para isso. Suposto, é
claro, que ela fosse sempre fiel.
Assim, ela era, sob
vários aspectos, o espelho do Sagrado Coração de Jesus para mim. E encontrava
nela o que eu adorava n’Ele, o que estava na Igreja do Sagrado Coração de Jesus
e que eu via estar na Igreja Católica.
Muito cedo, graças a
Nossa Senhora, meus olhos se abriram para a Santa Igreja, e com grande
entusiasmo. Portanto, o elemento determinante foi a minha fé na Igreja
Católica. O amor de filho tinha entrado muito, e continuou sempre, mas o
determinante foi isto: a Igreja é infalível, santa, verdadeira e ensina que
isso deve ser assim. Logo, a respeito de tudo quanto me leva a crer que isso é
assim, tenho aquela certeza necessária pelo fato de ver na Igreja Católica.
Nessa adoração a Nosso
Senhor e nessa veneração a Nossa Senhora, o objeto de nossa sensibilidade, de
nossa afetividade fica elevado a alguma coisa que não está fora do âmbito
humano. Ele é o Homem-Deus e, na unidade de Pessoa d’Ele, possuía duas
naturezas: a humana e a divina. E nós conhecemos a natureza divina, em larga
medida, através da humana. De maneira que não estava desterrado do humano,
como, por exemplo, se estou olhando para o Sol através de um vitral, não me
encontro desterrado de dentro da catedral. Eu estou vendo o Sol através do
vitral.
Essa transparência
do divino no humano eleva e desperta na afetividade humana possibilidades e
modalidades que ela não teria se não fosse isso.
Continua.
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