domingo, 16 de março de 2014

“Que belo olhar”

Foi ainda na tranquilidade de sua alma que Dª Lucilia enfrentou a crescente dificuldade de visão. Quando o incômodo aumentou, seu filho a levou a um bom oculista. Tendo-a examinado, o médico disse baixinho a Dr. Plinio:
— Ela está com catarata muito adiantada nos dois olhos — dando a entender que poderia operá-la.
Após rápida e judiciosa reflexão, Dr. Plinio optou por não submeter sua mãe àquela cirurgia, que poderia impressioná-la muito e infligir-lhe um sofrimento desnecessário, estando ela já tão idosa. Algum tempo depois, cessou o progresso da enfermidade, permitindo a Dª Lucilia conservar, até o fim de seus dias, suficiente clareza de visão para levar uma vida normal, em meio às condições de sua veneranda idade. Esses consoladores auxílios da Providência muito contribuíram para atenuar aquela sombra de tristeza, o que bem podemos notar em fotografias posteriores.
Curiosa foi a reação de um oculista, em outra consulta, ao assestar os aparelhos a fim de examinar os olhos de Dª Lucilia. O médico, que além de exímio profissional tinha alma de artista, antes de proceder ao exame não conteve uma exclamação:
— Que belo olhar!
Foi para ele inesquecível o privilégio de contemplar aqueles olhos castanho-escuros. De fato, nestes se encontravam serenidade, afeto, veracidade, em síntese, uma garantia de proteção própria a tocar profundamente as almas que sabiam admirá-los.

(Transcrito, com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João S. Clá Dias)

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