quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Que alma!


Uma coisa que eu recordo, por exemplo, com uma saudade enorme: eram as mãos, talvez um pouco pequenas para o tamanho dela, com dedos compridos, muito alvas, bem feitas, proporcionadas. 
A pele era de cetim como o temperamento dela. Tinha um modo de mover as mãos com tanta dignidade, com tanta estabilidade, com tanta beleza e elegância, que eu ficava olhando para a mão, quando ela me folheava algo.
Criança, eu pensava: “Que alma e que coração!”
Por exemplo, na estação de águas, ela se recolhia após o almoço, fechava a veneziana do quarto e criava uma penumbra. Eu pensava: “É verdade que há uma certa analogia entre esta penumbra e a alma dela, tão feita de verdade e de recolhimento, que se diria que ela é para Deus uma veneziana. Eu gostaria de estar ao lado dela; ela quieta e eu também, mas eu olhando as duas penumbras”. A penumbra que entrava pela janela e a penumbra que havia na alma dela.
Quando eu ia à Igreja do Coração de Jesus, vendo a penumbra que se formava no interior dela, dizia: “Como se parece com ela”. E quando estava com ela: “Curioso, como parece com a Igreja do Coração de Jesus!” Formava um só todo.

Plinio Corrêa de Oliveira

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