Uma
coisa que eu recordo, por exemplo, com uma saudade enorme: eram as mãos, talvez
um pouco pequenas para o tamanho dela, com dedos compridos, muito alvas, bem
feitas, proporcionadas.
A
pele era de cetim como o temperamento dela. Tinha um modo de mover as mãos
com tanta dignidade, com tanta estabilidade, com tanta beleza e elegância,
que
eu ficava olhando para a mão, quando ela me folheava algo.
Por
exemplo, na estação de águas, ela se recolhia após o almoço, fechava a
veneziana do quarto e criava uma penumbra. Eu pensava: “É verdade que há uma
certa analogia entre esta penumbra e a alma dela, tão feita de verdade e de
recolhimento, que se diria que ela é para Deus uma veneziana. Eu
gostaria de estar ao lado dela; ela quieta e eu também, mas eu olhando as duas
penumbras”. A penumbra que entrava pela janela e a penumbra que havia na alma
dela.
Quando
eu ia à Igreja do Coração de Jesus, vendo a penumbra que se formava no interior dela, dizia: “Como se parece com ela”. E quando estava com ela: “Curioso,
como parece com a Igreja do Coração de Jesus!” Formava um só todo.
Plinio
Corrêa de Oliveira
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