terça-feira, 18 de abril de 2017

Mentalidade anti-igualitária V

Conclusão dos posts anteriores
…e com a antiga cozinheira
Dona Lucilia teve uma cozinheira negra chamada Belmira que, por razões não conhecidas por mim — eu era menino e acompanhava essas coisas sem prestar atenção —, saiu de nossa casa e tomou emprego com outra família. Certa ocasião mamãe vinha a pé da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e, na esquina de casa, encontrou-se com a Belmira que ia para outro lugar.
Por interesse pela sua antiga cozinheira, minha mãe parou e conversou um instantinho com a Belmira. Lembro-me de uma pessoa da família fazer esta censura:
— Mas como?! Parar na rua para falar com uma empregada, não tem propósito!
Mamãe respondeu:
— Não vejo problema algum. Eu faço mesmo, e é assim que deve ser.
Era a mesma pessoa altamente respeitadora da família imperial!
Senso de justiça e amor ao próximo
Esse respeito supõe, antes de tudo, uma atenção séria posta nas pessoas para ver o que é cada uma, qual sua posição, o que vale e por que vale, dando-lhe o mérito adequado e aquilo que lhe é próprio. Por caridade, por bondade, conceder às vezes um pouquinho mais do que pareceria estritamente justo, mas sem perturbar a boa disposição hierárquica.
De outro lado, supõe também muita objetividade para não querer colocar-se numa posição que não tem, nem imaginar ser o que não é. Isso requer um senso de justiça e um amor ao próximo, tão característicos da Religião Católica. Nela, esse amor ao próximo se exprimia pelo gosto, pelo prazer com que ela tributava esse respeito, vendo o que Deus concedeu a cada um e alegre de que tenha sido dado.
Eu definiria isso como uma mentalidade anti-igualitária de ponta a ponta. Uma civilização onde todos tivessem essa mentalidade seria uma civilização de muita harmonia, de muito acordo, de muito respeito e de muito afeto.

Plinio Corrêa de Oliveira – extraído de conferência de 12/4/1988

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