quinta-feira, 5 de maio de 2016

Despretensiosa vida comum

Se lhe fosse permitido por Deus, Dona Lucilia desceria do Céu para consolar os que sofrem nesta Terra a fim de que seus sofrimentos cessassem ou, em certos casos, que aguentassem a dor, com resignação e dignidade. Vejamos o que comenta seu filho, Plinio Correa de Oliveira.
Dona Lucilia tinha um horror ao Inferno, que era um misto de temor reverencial e de asco. Parecia-lhe — e com muita razão — que são pessoas repugnantíssimas que caem lá. E ela fazia expressões de fisionomia que exprimiam o asco de um modo muito categórico.
Horror aos réprobos e compaixão pelas almas do Purgatório
De maneira que não devemos supor, nem um pouco, que ela tivesse o menor movimento de compaixão para com aqueles de quem nem Deus tem compaixão; foram condenados e mandados para o Inferno, está tudo acabado.
Mas ela sentia muita compaixão pelas almas que estavam no Purgatório, e gostava de rezar por elas. E uma ou outra coisa que mamãe tinha lido em livros de piedade, sobre o Purgatório, de vez em quando ela comentava. Mas a atenção principal dela orientava-se para o Céu e o Sagrado Coração de Jesus.
Eu me pergunto se ela, no Céu, pediria para descer à Terra a fim de nos consolar. Acho que é certo que ela pediria e teria um gosto enorme em fazer isso. Mas com o cuidado de não fazer tantas vezes que nos tirasse o mérito. Ela tinha uma concepção dura das coisas, quer dizer, era preciso sofrer nesta Terra. E, portanto, toda ideia de transformar a bondade num fator de desaparecimento da dor, seria uma coisa que ela não veria com bons olhos.

Dona Lucilia seria, isto sim, muito propensa a descer à Terra — se lhe fosse permitido — e consolar os que estão sofrendo para que, em alguns casos, o sofrimento cessasse; e, em outros casos, que as pessoas continuassem a padecer e aguentassem a dor com resignação e dignidade. 
Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 22/4/1993

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