domingo, 15 de junho de 2014

Como um atraente caleidoscópio...

Em meados de fevereiro de 1968, um amigo de Dr. Plinio, argentino, de passagem por São Paulo teve também ocasião de conhecer Dª Lucilia de perto. Assim recorda ele o feliz encontro:
“Eu estava no hall de entrada do apartamento de Dr. Plinio, aguardando uma oportunidade para poder cumprimentá-lo. Percebi então que, na sala de jantar, estava Dª Lucilia em companhia de outro jovem.
“Passados poucos minutos, este veio me dizer que Dª Lucilia me chamava. Sentada à mesa, tomava seu costumeiro chá. Haviam-lhe dito que eu pertencia ao ‘Clubinho’ de Dr. Plinio em Buenos Aires, e que naquela cidade ele era muito admirado e querido. Dona Lucilia me recebeu com extrema bondade. Seu trato era de uma classe, de uma finura e de uma afabilidade extraordinárias.
“Que ele vá... e volte logo!”
“Dirigiu-me umas palavras amáveis:
“— Eu gosto muito de seu país — começou ela, para me pôr à vontade.
“Em seguida convidou-me a acompanhá-los no chá. Agradeci, respondendo que já havia tomado lanche. Ela, com muita suavidade, insistiu:
“— O senhor sabe? Um visitante sempre nos proporciona maior prazer quando aceita sentar-se conosco à mesa. Assim, espero que o senhor não me privará do gosto de sua companhia...
“Era impossível eximir-se de um convite feito com tão nobre benevolência. Ela chamou então a empregada, dizendo-lhe que trouxesse outra xícara e talheres para mim. Quando me ofereceu um pedaço de torta, novamente agradeci, e disse que apenas tomaria chá. Com sua afetuosa gentileza, Dª Lucilia me respondeu:
“— Ora, o senhor que é tão moço deve gostar muito de doces, como todos os de sua idade... É uma torta simples e caseira, mas o senhor me dará alegria servindo-se dela.
“O outro jovem, que estava sentado à esquerda de Dª Lucilia, disse-lhe que eu convidara Dr. Plinio para proferir uma série de conferências públicas em Buenos Aires, pois muitos de meus compatriotas desejavam ouvi-lo. Dr. Plinio, porém, respondera que, naquele momento, não lhe era possível atender ao meu pedido.
“Com muita finura, ela me agradeceu pelo convite, deixando transparecer o comprazimento que este lhe causava. A seguir, perguntou-nos por que seu filho dissera não lhe ser possível ir a Buenos Aires.
“Aquele mesmo jovem respondeu:
“— Ah! Certamente porque não quer deixar a senhora sozinha.
“Então Dª Lucilia se voltou para o rapaz, dizendo-lhe com muita ênfase:
“— Ora, se é para o bem da Religião, ele não deve se prender por minha causa. É melhor que ele vá...
“E, dirigindo-se a mim, mudando a entoação de voz, com um sorriso gracioso acrescentou:
“— E que volte logo!
“Pouco depois chegou Dr. Plinio, dirigindo a Dª Lucilia um daqueles seus gracejos cheios de carinho, que a deixavam visivelmente agradada. Era admirável o modo transbordantemente afetuoso e animador com que Dr. Plinio tratava sua mãe. Recordo-me que, em certa ocasião, ele lhe perguntou:
“— Como está a senhora?
“— Agora bem — respondeu Dª Lucilia, como que insinuando, com um timbre de voz especial: Agora que estou com você, estou bem...”.

E assim, também para esse jovem argentino, foi Dª Lucilia “uma surpresa e um encanto de alma”...
Transcrito, com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João Clá Dias

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