Continuação do post anterior
Enquanto
os dias de hospital iam se escoando, no “1º andar” não faltaram motivos de
aflição a Dª Lucilia. Fora-lhe ocultada a ida de Dr. Plinio para aquele centro
médico. Ela percebia, pois, intrigada, que à intensa movimentação dos dias
anteriores sucedia-se uma repentina e perplexitante tranqüilidade. Que teria
acontecido a seu filho? Há muito não a visitava. Teria viajado? Ou uma grave
doença se abatera sobre ele? Será que a morte o havia colhido?
Em
razão de tais apreensões, suportadas no silêncio, cada vez mais a dor se ia
tornando sua companheira, nos últimos lampejos de sua sofrida existência.
Felizmente,
Dr. Plinio não demorou a voltar. A expressiva estampa da Mãe do Bom Conselho,
que lhe fora oferecida no hospital, terá também despertado a atenção de Dª
Lucilia. Não só pelo fato de seu filho a ter colocado em lugar de destaque no
quarto dele, como sobretudo pela comunicatividade materna da fisionomia de
Nossa Senhora e pela figura infinitamente régia e filial do Divino Infante.
O desvelo materno fê-la
sonhar a realidade
Com
vistas a minorar o sofrimento de sua mãe, Dr. Plinio continuou a ocultar-lhe o
que se passara. Entretanto, era mister inventar uma história, a fim de
responder às aflitas interrogações maternas, e explicar por que tinha ele o pé
direito enfaixado, ficando tanto tempo recostado. Ocorreu a uma das empregadas,
numa hora de aperto, dizer a Dª Lucilia que Dr. Plinio, passeando pelos
caminhos pedregosos da fazenda de uns amigos, torcera o pé, e devia por
prescrição médica permanecer em prolongado repouso.
Coração
de mãe não se engana! Certa noite Dª Lucilia, em meio a um pesadelo a propósito
da enfermidade de seu filho, viu o pé direito dele sofrer séria amputação. A
partir desse momento se convenceu de que esta era a realidade. Portanto, algo
muito mais grave do que o relato feito pela empregada. Quem encontraria
argumentos para tranquilizá-la? Tarefa nada fácil... Inúmeras foram as
ocasiões, até a hora da morte, nas quais Dª Lucilia se referiu às cenas daquele
sonho como retratando algo que efetivamente acontecera. Embora tão idosa, o
desvelo materno fê-la descobrir o que não lhe fora dito, apesar de os circunstantes
continuarem a encobrir a realidade com véus otimistas...
Transcrito,
com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João Clá Dias
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