Reportemo-nos ao dia 21 de abril de 1968.
Em
seu apartamento, Dona
Lucilia encontrava-se desde há
dias em seu leito, assistida por um
médico. Dr. Plinio achava-se, no quarto ao
lado, ainda convalescente, devido a uma terrível crise de diabetes.
Por volta das 10 horas da manhã, o
enfermeiro procurou o médico, avisando que Dona Lucilia não estava passando
bem.
Manifestando certa estranheza, pois às
8:20 lhe aplicara uma injeção e nada fazia prever que a morte estivesse
próxima, o clínico dirigiu-se imediatamente ao quarto dela.
Deitada, sem apoio em travesseiros, com
os olhos fechados e movendo os lábios
como quem rezava, Dona Lucilia tinha as
mãos uma sobre a outra, no peito.
Ao tomar-lhe o pulso e verificar quão
lenta e fracamente batia, o médico
percebeu a proximidade dos últimos momentos. Pediu então ao enfermeiro que
avisasse logo Dr. Plinio. Era necessário que ele se locomovesse sozinho e
com enorme esforço até o quarto de sua
mãe que partia para a Eternidade.
Nesse
meio tempo, Dona
Lucilia, que não
deixara de mover os lábios — sentindo em seu coração haver chegado a hora da solene
despedida desta vida — com decisão retirou a mão segura pelo médico, e com um
gesto delicado, mas firme, sem
manifestar esforço ou
dificuldade, fez um grande e
lento sinal da cruz.
Depois, repousou no peito suas mãos
alvíssimas, uma sobre a outra, e serenamente expirou na véspera do dia em que completaria 92 anos…
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