As perspectivas de um completo isolamento
Uma das maiores provações de Dª
Lucilia, nessa avançada etapa de sua vida, foi o súbito agravamento de suas
condições auditivas, ao mesmo tempo em que um aumento de catarata lhe diminuía
um tanto a visão.
A perspectiva futura era confrangedora,
pois, a progredirem mais essas deficiências, Dª Lucilia perderia quase
inteiramente a possibilidade de se comunicar com o mundo exterior. Portanto, de
ter com seu filho aquele elevado convívio tão alentador para ela.
Constituía-lhe igualmente não pequeno sofrimento, dado seu modo de ser tão
afeito a se interessar por seus semelhantes, o não poder lhes prodigalizar
caridoso auxílio.
Diante dessa dolorosa possibilidade,
ela não perdeu a serenidade nem a resignação. Sem embargo disso, transparecia
em sua fisionomia uma tristeza mais acentuada, que bem se pode notar numa
fotografia tirada por ocasião de um de seus últimos aniversários.
Se o Sagrado Coração de Jesus, nos seus
insondáveis desígnios, permitia esse sofrimento para quem tão fielmente O
adorava, concedia-lhe, de outro lado, em compensação, seu misericordioso
amparo.
Assim, pouco tempo depois de se agravar
a dificuldade de audição de Dª Lucilia, Dr. Plinio, ao ler um jornal, viu o
anúncio de um aparelho que poderia suprir essa deficiência. E, como bom filho,
não hesitou um instante em adquiri-lo, embora fosse elevado seu custo. Acertou
com o vendedor uma ida deste ao “1º Andar” — numa hora que coincidisse com o
término do almoço — a fim de proporcionar uma surpresa a Dª Lucilia. De fato o
homem apareceu no momento combinado. Feito o teste, Dr. Plinio notou logo pela
fisionomia dela a real eficácia do tal aparelho.
Ainda hoje é motivo de consolação para
Dr. Plinio lembrar-se do contentamento de sua mãe, quando ela percebeu que
poderia conversar normalmente. E, sobretudo, tornar a ouvir com nitidez o
timbre da voz de seu querido “Pimbinchen”...
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