Um sucesso inesperado encheu de
gáudio o eleitorado católico: Plinio Corrêa de Oliveira, de 24 anos, o mais jovem
dos candidatos, surpreendeu seus partidários mais otimistas ao se tornar o mais
votado em todo o país, obtendo o dobro de sufrágios do segundo colocado, apesar
de ser este um homem célebre e experimentado nas lides políticas.
A espetacular eleição de Dr. Plinio
representava um triunfo do Movimento Católico, dado ter ele feito propaganda
apenas nas paróquias ou entre as associações religiosas, e apresentado como
programa a defesa dos princípios da Igreja.
Causara a Dona Lucilia especial
apreensão o fato de ver seu filho candidatar-se ainda muito jovem, e sem
eleitorado fixo, ao contrário dos políticos mais antigos. Sob esse aspecto, ele
estava em franca desvantagem face a seus opositores. Receosa de que o Movimento
Católico não conseguisse votos suficientes para elegê-lo, telefonou a todas assuas
amigas, pedindo que não deixassem de votar nele. Chegou mesmo a ligar para o
diretor do Hotel Parque Balneário, em Santos, onde costumava hospedar-se com a
famfiia, a fim de obter que ele garantisse os votos dos funcionários do
estabelecimento a favor de Dr. Plinio.
Mas, o espantoso resultado da
eleição revelou ser a força da opinião pública católica muito maior do que as
aparências deixavam notar, dando a Dona Lucilia redobrada alegria, sobretudo
por se tratar de uma vitória da Igreja.
Porém, o sucesso de Dr. Plinio
custou-lhe não pequenas preocupações e sacrifícios. O maior deles foi a
prolongada ausência de seu “filhão querido”, durante a qual ela passou
incontáveis horas rezando diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus pelo bom
êxito dele em suas pugnas. Apreensões e contentamento, preces ardorosas e lágrimas
maternais, tudo Dona Lucilia depositava confiante aos pés do Divino Redentor,
certa de que Ele haveria de ouvir aquela insistente súplica. E suas fervorosas
orações foram largamente atendidas.
O convívio fundamentado na Caridade
torna ainda mais perspicazes, em relação aos riscos e perigos, aqueles que se
amam. O episódio a seguir nos dará uma certa idéia da subtileza com que o
coração de mãe de Dona Lucilia penetrou uma situação dificilmente perceptível.
Em artigo de
jornal, Dona Lucilia discerne ameaça às Congregações Marianas
Após as eleições, Dr. Plinio teve
de ir ao Rio de Janeiro para algumas tratativas referentes ao exercício de seu
mandato. Em plena ascensão do Movimento Mariano, quando nada fazia prever que
este haveria de decair, a intuição materna de Dona Lucilia discerniu a primeira
ameaça a essa obra a que seu filho se entregara com toda a alma.
Uma curta notícia, publicada num
diário paulista, anunciava a passagem de um professor da Sorbonne pelo Brasil,
com o objetivo de propor a implantação, em nosso país, de um movimento que
promovia, não o convívio harmônico, mas a promiscuidade das classes sociais em
nome do bom entendimento entre elas. Sem falar propriamente nas Congregações
Marianas, a notícia dava a entender que o apostolado por estas exercido
ter-se-ia tornado anacrônico em comparação com a novidade trazida da França pelo
tal professor.
Ora, Dr. Plinio era líder do Movimento
Mariano em São Paulo. Esse eventual golpe contra as Congregações Marianas
implicitamente o atingiria. Foi esta malévola intenção que o lúcido olhar de
Dona Lucilia percebeu naquelas poucas linhas de jornal.
Seu coração teve por certo um
sobressalto, mas, com tranquilidade e sem perda de tempo, tratou logo de
alertar seu filho. Escreveu-lhe uma carta em que contava suas impressões e
temores sobre o assunto, aconselhando-o a tomar cuidado, pois — dizia ela —
aquelas “novidades” vindas da Europa bem poderiam ser uma tentativa para acabar
com as Congregações Marianas. Ao terminar de escrever, prendeu no papel, com um
discreto alfinete, a notícia que havia recortado com uma tesourinha e enviou a
seu filho.
Anos mais tarde, os fatos confirmariam
o acerto desses pressentimentos maternos.
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