quinta-feira, 6 de junho de 2013

A eleição de Dr. Plinio

O ano de 1933 se abriu na expectativa da Constituinte, que fixaria os rumos do Brasil novo. A 3 de maio realizaram-se as eleições para a escolha dos futuros parlamentares. Muitos dos nomes indicados pela LEC, em numerosos estados, ascenderam à Magna Assembléia.
Um sucesso inesperado encheu de gáudio o eleitorado católico: Plinio Corrêa de Oliveira, de 24 anos, o mais jovem dos candidatos, surpreendeu seus partidários mais otimistas ao se tornar o mais votado em todo o país, obtendo o dobro de sufrágios do segundo colocado, apesar de ser este um homem célebre e experimentado nas lides políticas.
A espetacular eleição de Dr. Plinio representava um triunfo do Movimento Católico, dado ter ele feito propaganda apenas nas paróquias ou entre as associações religiosas, e apresentado como programa a defesa dos princípios da Igreja.
Causara a Dona Lucilia especial apreensão o fato de ver seu filho candidatar-se ainda muito jovem, e sem eleitorado fixo, ao contrário dos políticos mais antigos. Sob esse aspecto, ele estava em franca desvantagem face a seus opositores. Receosa de que o Movimento Católico não conseguisse votos suficientes para elegê-lo, telefonou a todas assuas amigas, pedindo que não deixassem de votar nele. Chegou mesmo a ligar para o diretor do Hotel Parque Balneário, em Santos, onde costumava hospedar-se com a famfiia, a fim de obter que ele garantisse os votos dos funcionários do estabelecimento a favor de Dr. Plinio.
Mas, o espantoso resultado da eleição revelou ser a força da opinião pública católica muito maior do que as aparências deixavam notar, dando a Dona Lucilia redobrada alegria, sobretudo por se tratar de uma vitória da Igreja.
Porém, o sucesso de Dr. Plinio custou-lhe não pequenas preocupações e sacrifícios. O maior deles foi a prolongada ausência de seu “filhão querido”, durante a qual ela passou incontáveis horas rezando diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus pelo bom êxito dele em suas pugnas. Apreensões e contentamento, preces ardorosas e lágrimas maternais, tudo Dona Lucilia depositava confiante aos pés do Divino Redentor, certa de que Ele haveria de ouvir aquela insistente súplica. E suas fervorosas orações foram largamente atendidas.
O convívio fundamentado na Caridade torna ainda mais perspicazes, em relação aos riscos e perigos, aqueles que se amam. O episódio a seguir nos dará uma certa idéia da subtileza com que o coração de mãe de Dona Lucilia penetrou uma situação dificilmente perceptível.
Em artigo de jornal, Dona Lucilia discerne ameaça às Congregações Marianas
Após as eleições, Dr. Plinio teve de ir ao Rio de Janeiro para algumas tratativas referentes ao exercício de seu mandato. Em plena ascensão do Movimento Mariano, quando nada fazia prever que este haveria de decair, a intuição materna de Dona Lucilia discerniu a primeira ameaça a essa obra a que seu filho se entregara com toda a alma.
Uma curta notícia, publicada num diário paulista, anunciava a passagem de um professor da Sorbonne pelo Brasil, com o objetivo de propor a implantação, em nosso país, de um movimento que promovia, não o convívio harmônico, mas a promiscuidade das classes sociais em nome do bom entendimento entre elas. Sem falar propriamente nas Congregações Marianas, a notícia dava a entender que o apostolado por estas exercido ter-se-ia tornado anacrônico em comparação com a novidade trazida da França pelo tal professor.
Ora, Dr. Plinio era líder do Movimento Mariano em São Paulo. Esse eventual golpe contra as Congregações Marianas implicitamente o atingiria. Foi esta malévola intenção que o lúcido olhar de Dona Lucilia percebeu naquelas poucas linhas de jornal.
Seu coração teve por certo um sobressalto, mas, com tranquilidade e sem perda de tempo, tratou logo de alertar seu filho. Escreveu-lhe uma carta em que contava suas impressões e temores sobre o assunto, aconselhando-o a tomar cuidado, pois — dizia ela — aquelas “novidades” vindas da Europa bem poderiam ser uma tentativa para acabar com as Congregações Marianas. Ao terminar de escrever, prendeu no papel, com um discreto alfinete, a notícia que havia recortado com uma tesourinha e enviou a seu filho.

Anos mais tarde, os fatos confirmariam o acerto desses pressentimentos maternos.

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