sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A devoção de Dona Lucilia ao Sagrado Coração de Jesus (cont)

Conclusão do post anterior
Bondade que não conduz ao relaxamento moral, mas à suma compunção
E aqui entra uma coisa que estava profundamente no espírito de Dona Lucilia, e se encontra no âmago dessa devoção: mostrar a imensidade do amor de Nosso Senhor para com o homem, de um lado, dizendo: “Veja como você tem razões para confiar! Peça porque será atendido! As portas da misericórdia estão abertas para você.”
Mas de outro lado afirmava: “Veja o que representa todo o pecado, e o abismo de pecados em que a humanidade está se precipitando! Tu fazes parte da coorte dos que Me ofendem. E qual é o homem que, ao menos venialmente, não me ofendeu?”
Então, bater no peito, pedir perdão, humilhar-se e compreender a gravidade do pecado. É, portanto, uma bondade que não leva ao relaxamento moral, mas a uma suma compunção, suma compenetração, e, portanto, muito reta, santa, direita. O equilíbrio católico, apostólico, romano está nisso.
Tudo isto envolvia a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, ainda quando eu era menino. Mas notei que essa devoção foi se retraindo com o tempo, ficando cada vez mais formal. Em quase todas as igrejas havia uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, porém a devoção foi perdendo densidade e as pessoas que rezavam para Ele já não viam bem isso. As imagens perderam também muito dessa expressão, e aquela atmosfera de seriedade cheia de tristeza, de gravidade, de nobreza da Igreja do Coração de Jesus, em torno das imagens do Coração de Jesus foi se dissipando.
Fazendo perguntas análogas às do Sagrado Coração de Jesus
Mamãe vivia dentro daquela atmosfera; ela rezava muito ao Sagrado Coração de Jesus, e toda a devoção, a piedade dela se exercia em função de Nosso
Senhor visto assim. E, como o bom discípulo em algo se parece ao mestre, devo dizer que inúmeras vezes eu a vi interiormente lamentar, deplorar, sofrer e fazer perguntas análogas às do Sagrado Coração de Jesus.
O que me tocava na conduta dela e me atraía tanto era notar essa semelhança. Eu pensava: “Mas a Igreja Católica é isto! Ela está na linha do espírito da Igreja Católica, portanto, da verdade certa na qual se pode crer; este é o modelo, esta é a via.” E isto me fez um bem sem conta.
Se o que expliquei pode fazer um pouco de bem aos que estão neste auditório, dou o tempo por muito bem empregado. Aliás, há uma devoção muito bonita: “Nossa Senhora do Sagrado Coração”, que é Maria Santíssima considerada enquanto adorando o Sagrado Coração de Jesus, e, portanto, toda voltada para Ele; se nós vemos isso n’Ele, podemos imaginar o que Ela via!
Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 18 de junho de 1982

1) Cf. Ap 1, 16. 2) Sala de visitas do apartamento de Dona Lucilia. 3) Termo utilizado na Teologia para indicar, em Cristo, a união das duas naturezas – divina e humana – na Pessoa do Verbo. 4) Jo 13, 1.

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