sábado, 22 de março de 2014

Equilíbrio entre justiça e misericórdia

O admirável desapego que Dª Lucilia tinha de si própria lhe conferia o perfeito equilíbrio entre duas virtudes harmonicamente opostas, como eram seu senso de justiça e sua misericórdia. A idade não fez senão acrisolar essas virtudes. Por exemplo, sempre que em sua presença se apontava, por qualquer motivo, os defeitos de alguém, ela logo chamava a si a defesa da vítima. Não para proteger lados censuráveis, mas para impedir um juízo parcial sobre a pessoa em causa, pois devia-se considerar também os aspectos bons que realmente tivesse.
Dessa forma comentava ela a respeito de um conhecido, alvo das invectivas de espíritos menos conciliadores:
— É verdade... Mas, note que, por exemplo, ele é sempre franco. Muitos, que não possuem o defeito dele, entretanto são falsos. Esta franqueza tem seu valor. Ao se lhe apontarem os defeitos, é preciso recordar tal qualidade.
Virtude da vigilância
Quando Deus quer implantar uma obra, nunca falta com os meios, tanto sobrenaturais como naturais, para a sua realização. Assim, por exemplo, ao suscitar uma nova ordem religiosa. A fim de que ela se desenvolva e floresça, Deus favorece seu fundador com todos os dons e carismas necessários que lhe possibilitem cumprir integralmente a vocação à qual foi chamado. O mesmo se dá com a condição materna, magnífico símbolo da Providência de Deus. Não raras vezes costumam ser as mães assistidas pelo Espírito Santo com um certo discernimento dos espíritos, não só com vistas a educar os filhos, mas também a guiá-los pelo caminho do bem ao longo da vida.
Esse dom — que em Dª Lucilia se manifestou repetidamente sob a forma de alertas a seu filho para os perigos desta ou daquela situação — foi de novo posto em realce por um pequeno episódio. Estando ela a conversar em sua casa com alguns parentes e conhecidos, fez-se referência à então recente nomeação de certo personagem para um cargo de importância. Teceram-se alguns comentários sobre o caráter dele e, como Dª Lucilia ainda não o conhecia, mostraram-lhe uma fotografia publicada naqueles dias pela imprensa. Tinha ele relação com as atividades desenvolvidas por Dr. Plinio, e por isso ela se interessou mais especialmente pelo assunto. Tomou o jornal nas mãos, observou em silêncio por alguns instantes aquela fisionomia, e comentou com tristeza:
— Ele não é boa pessoa, não...
Essas palavras, naqueles lábios repletos de benquerença, surpreenderam os presentes, mas, como das vezes anteriores, em breve os fatos viriam a lhe dar razão.

Continua no próximo post

Nenhum comentário:

Postar um comentário